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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

MUSEU DE HISTORIA NATURAL

MUSEU DE HISTORIA NATURAL HORTENCIO PEREIRA DA SILVA JUNIOR

Missão do museu: conservação, taxidermia artística e pesquisas cientificas
COORDENADOR; José Carlos Simão Cardoso Junior – biólogo com mestrado em ciências biológicas – Faz sua dissertação em mestrado sobre o assunto: ABELHAS
ASSISITENTE: Roberta Andreotti Machado Olimpio
Atende preferencialmente as escolas: prepara e ministra aulas no museu sobre o tema escolhido. Usa tanto a sala interna como o espaço atrás do museu, que tem ambiente bucólico. O telefone para contato é: 19-3843-4317.
Recebe para estágio estudantes de universidades e de graduandos.

A história do museu
Em novembro de 1999 foi inaugurado nas antigas instalações do Observatório Astronômico de Itapira (esta é uma historia à parte que contarei em breve), na Praça da Árvore, graças ao entusiasmo de Paulo de Tarso Brianti Salgado e José Carlos Simão Cardoso Junior, em que ambos iriam capitanear a equipe técnica. Foi do acervo particular deste último a maior doação ao museu. Era a Administração Barros Munhoz, sendo diretor do Decet (Departamento de Cultura, Esporte e Turismo) o Sr. Oscar Soares de Campos Filho. Batizado com o nome de Hortêncio Pereira da Silva Junior, nasceu com uma concepção de ser museu-escola, com ênfase para a preservação ambiental. Nesse inicio participaram fazendo doações ou como subsídios para educação as entidades e pessoas: A Escola Estadual Antonio Caio de Itapira, O Zoo de Mogi Mirim, Associação de Pescadores de Itapira, a Sociedade Ornitológica de Itapira, várias organizações não governamentais e a bióloga Momaya Duarte Barreto de Souza da Escola Anglo de Itapira.





Em 24 de setembro de 2007, na Administração Novo Tempo, o museu é transferido da Praça da Árvore para o Parque Juca Mulato, no centro da cidade, num prédio que já foi o primeiro posto de puericultura e abrigou diversos departamentos municipais, tendo sido inteiramente reformado para receber este equipamento cultural. Foi pensado em sala de aula e um local no fundo do prédio, feito um jardim para aulas ao ar livre.
Presentes à inauguração, além do Secretário da Cultura Jose Carlos Vieira, o Prefeito Toninho Bellini, o vice-prefeito Antonio Carlos Martins e a diretora de turismo Rita de Cássia Vieira de Godoy. O museu também sediará o Departamento de Turismo.
A felicidade da mudança está em que o parque, já sedia o Museu Histórico e Pedagógico Comendador Virgolino de Oliveira, Casa Menotti Del Picchia, Casa das Artes e Casa da Cultura João Torrecillas Filho. Por ser central, facilita a vinda de todos os moradores da cidade e ainda capta os turistas que nos finais de semana visitam Itapira.
O museu conta de 1250 peças em seu acervo, entre esqueletos de diversas espécies, insetos, fósseis, um formigueiro de verdade, aquários, etc.











REPRESENTANTES DO ESPIRITISMO



Da esquerda para a direita: Sergio Villar, Marcelo Rosa (do museu) e Carlos Baccelli

Em 17/02/2011, recebemos a visita de representantes do Espiritismo Kardecista de Itapira, sendo o Sr. Sergio Villar, um dos responsáveis pelo centro NUCLEO ASSISTENCIAL ESPIRITA CRISTÃO CHICO XAVIER e o Sr. Carlos Baccelli de Uberaba-MG, preletor. Este último viveu quase 25 anos ao lado de Chico Xavier e esteve em Itapira para palestras. O grande mestre espírita esteve em Itapira, onde recebeu o titulo de cidadão itapirense mas isto é uma outra história para contar em breve. Os dois foram muito simpáticos e atenciosos. O servidor municipal Marcelo Rosa que trabalha no museu, pediu que os mesmos fossem fotografados ao lado de uma muda de ipê amarelo plantada por ele, no parque, ao lado do equipamento cultural.


IGREJA DE SANTO ANTONIO





A IGREJA DE SANTO ANTONIO DE ITAPIRA



O tempo passa e, com ele nossa memória apaga lentamente o que certos homens ou mulheres, representaram para nossa Itapira. É o caso do Padre Matheus Ruiz Domingues. Veio para cá em 1958, já como pároco de um templo que existia desde o inicio do século XX. Itapira merecia um novo templo e ainda mais, em se tratando de um santo tão querido como Santo António ( de Lisboa, porque ele nasceu lá, e como de Pádua, porque ele morreu lá).
É interessante saber que onde erigiram a presente Igreja de Santo Antonio, foi palco e templo por vários anos da Icab Itapira (1913). Resultado de uma ação de comisso movida por um grupo de fiéis da matriz da Penha,no ano de 1935, por falta de pagamento do foro anual, a Prefeitura por intermédio da Justiça recebeu de volta o patrimônio (terreno e prédio) e o pôs em leilão sendo arrematado pelo Cel Francisco Cintra. O líder político já havia construído a escola ao lado e por uma promessa feita à sua primeira esposa, doa esse imóvel a Igreja Romana, contanto que fosse padroeiro Santo Antonio. A mãozinha (relíquia) desaparece num dia desse mesmo ano. Aliás, o Padre Matheus foi adjutor do Cônego Nora em Mogi Mirim anos antes e, viveu aquela situação, sabendo o valor, para o mundo católico daquele lugar.
Resumo aqui a formação e ascensão do Padre Matheus: Ingressou no seminário em Campinas no ano de 1933, cursando o primário e o colegial. Continua seus estudos como sacerdote no seminário do Ipiranga em São Paulo, onde se ordena padre em 08 de dezembro de 1945. Em 1946 foi designado para coadjutor em Mogi Mirim, ficando até julho daquele ano. Depois, coadjutor em Amparo, de 1946 a 1949. Em 1950 foi vigário em Lindóia. Em 1951 abraçou o magistério no seminário Arquidiocesano de Campinas, como professor e diretor de disciplina até 1958. Em 31 de agosto de 1958 foi nomeado com vigário da Igreja de Santo Antonio.
Consegui um cartão, como muitos, que o padre escrevia para se guiar durante as aulas nos cursos de disciplina em Campinas. O assunto deste é CASTIDADE. Leiam.















Conforme narram, Jacomo Mandatto e Arnaldo lemos Filho, a Igreja da Santa Mãozinha Aparecida é uma outra história. Vivia no prédio abandonado por uma das irmandades, um preto velho e doente de lepra que resistia, pela caridade do povo. Num dia, não o vendo mais na porta, encontraram-no morto. Procederam ao enterro ali mesmo, com os cuidados de praxe para este tipo de inumação. Acontece, que dias depois, após fortes chuvas, cresceu na parede uma espécie de fungo com o formato de uma mão suplicante. Bastou para que muitos vissem a mão do infeliz leproso. Daí a atribuir um milagre, declarado por um suplicante, foi um passo. E, se começou uma romaria ao local. Era época do Cônego Amorim, como vigário da Penha, que proibiu estes rituais no local. Amorim não fazia idéia que depois de alguns anos, o templo se tornaria a sede da Igreja Brasileira em Itapira.
Continuemos, Pe matheus não se limitou em construir um novo templo. Suas metas eram fortificar a vida espiritual dos católicos, cuidar das crianças e jovens, ter um relacionamento de respeito e carinho com outras religiões e, formar uma grande família cristã emanando da paróquia.
Em 1965, o Pe Matheus leva sua mensagem pelo Jornal Folha de Itapira em junho, onde diz quem ele é o que pretende em nossa cidade:
Mensagem do Vigário de Santo Antonio a seus paroquianos e amigos.
“ Meus prezados paroquianos e amigos de Itapira, o grande anseio nosso é fazer desta Paróquia, que tanto amamos, uma grande família, a Família de Deus, onde todos se amem como irmãos, e assim glorifiquem ao Pai, vivendo e realizando a finalidade pela qual todos nós fomos criados: conhecer, amar, glorificar e possuir a Deus, para deste modo sermos realmente felizes. – Dou-vos um mandamento novo, que vos ameis uns aos outros, nisto hão de conhecer todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos ouros – (S. João 13 – 34 e 35. Eis o motivo porque já no inicio do nosso paroquiato, aqui nesta cidade, empreendemos a obra assistencial – o Educandário que graças a Deus e a vossa cooperação, hoje é uma realidade consoladora e útil a toda a comarca e a que menos pesa presentemente à Cidade, pois,os 48 meninos que atualmente a obra abriga, quase que se mantém com o próprio trabalho.O prodígio que esses menores realizam no setor agrícola, na lavoura, merece ser visto para dar-lhe o devido valor. Pois bem, meus amigos, prosseguindo na conquista desse ideal cristão e cívico, - fazer da Paróquia a grande família, onde todos se amem como irmãos, como filhos de Deus, iniciamos outra grande tarefa - a construção da Matriz, com a escola paroquial agrícola e a sede social, tudo num mesmo edifício bem planejado, simples, harmonioso e funcional. Mas alguém poderá dizer, para que ou porque Igreja? – Porque a atual é simples capela, sem o espaço suficiente e sem a mínima comodidade, para que os filhos da grande família possam, nos dias de preceito, reunir-se em torno da mesa do Pai. E escola, para que mais uma escola na cidade? – Para proporcionar aos nosso jovens formação cristã e cívica à altura das necessidades dos nosso tempos.E, em particular, aos meninos do Educandário e zona rural, ministrar-lhes os conhecimentos básicos da agricultura, pecuária, avicultura e etc. A meu ver, prezados amigos, é este o caminho a seguir para resolvermos certos problemas sociais – incutir nos jovens o amor ao trabalho, ensinar-lhes a técnica e dar-lhes os meios adequados. Ora, nós temos a chácara do Educandário onde 48 meninos já estão iniciados na prática da agricultura. Demos, pois, um passo e completemos a obra, oferecendo-lhes teoria e técnica. E a sede social? – A sede social se destina a proporcionar às famílias, sobretudo à juventude, ambiente familiar, sadiamente cristão, nas suas diversões. E para que nos repetidos encontros na horas de lazer, mais e mais se estreitem os laços de amizade entre os paroquianos, e mais cresça entre eles o amor fraterno, ao mesmo tempo que se sintam amparados de um ambiente menos cristão e sadio nas suas diversões. Eis aí, meus prezados amigos, os motivos desta humilde mensagem – por-vos ao par deste empreendimento, o qual visa exclusivamente a gloria de Deus e o bem das almas; e cuja a concretização exige de todos nós visão para compreender-lhe o alcance; boa vontade, união e generosidade para realizá-lo, com as bênçãos e ajuda de Deus, que não cessaremos de implorar em nossas orações. Terminando, pedimos a Deus vos abençoe, e a Santo Antonio, Glorioso Padroeiro desta Paróquia, vos proteja. “ Pe Mateus.

Um belo e edificante comunicado, mostrando a erudição do sacerdote. Em seus manuscritos encontrei um documento que parecer ser o rascunho de homilia, mas escrito em latim:













Na construção da mesma, previu um centro comunitário, uma escola paroquial e a própria nave para celebrações. Além disso, fundou e comandou o Educandário Nossa Senhora Aparecida que funcionou no bairro do Cubatão e depois, mudou para a Rua da Penha. Cuidava de muitas crianças e as ensinava na religião e também nas técnicas para o trabalho secular. Foi presidente várias vezes da Guarda Mirim de Itapira. A idéia foi dele e assumida pelos srs. Flávio Zacchi, o Sargento da Policia Militar Sr. Juvenal Leite, Vera Lucia Zonta (Administradora).Outros nomes importantes ligados à entidade são: Wanderley Zázera, Carlos Eduardo Yonezawa, Pedro Boretti, Claudio Antonio Silvestrin, Sebastião Balbino e Iverso Valverde, quase todos ligados ao Lions Club de Itapira.
Para a tarefa hercúlea da construção da grande igreja, em linhas modernas porém litúrgicas, unindo a arte à fé, ele contou com a colaboração do povo de Itapira. O escultor Lelio Coluccini tematizou as mãos: mãos que acolhem, mãos que realizam, mãos que suplicam – a imagem de Santo Antonio da fachada do prédio tem quase 5 metros de altura, as estátuas de Cristo Glorioso, Nossa Senhora e do próprio santo são verdadeiras obras de arte, incluindo aí a Via Sacra.
Segundo a declaração de um paroquiano; - o povo gostava do padre e ajudava de todas as formas, com prendas e trabalho de máquinas e caminhões nos domingos (único dia de descanso para quem lida no campo). Começou em 1965 e foi terminá-la em 1973. Quase 10 anos de lutas, sofrimentos e, incansável busca do seu objetivo. Segundo outro morador, o padre não tinha medo do trabalho físico, e por muitas vezes viu o sacerdote sujar de barro sua batina durante a construção. Em 1967 sagra o salão paroquial onde à partir daí seriam celebradas as atividades paroquiais.

Segundo Arnaldo Lemos Filho
“...o padre que fundou essa paróquia procurou muito o povo simples da roça e simpatizou com eles tremendamente. Ele foi mais accessível, ele foi mais bondoso, mais prestativo para o povo da lavoura, e o povo da lavoura ajudou, tremendamente esta igreja em todo o sentido. O pessoal estimava o padre, dava as prendas, , vinha trabalhar e rezar aqui. Então a ligação da povo rural com esta paróquia tornou-se muito dinâmica. Veja bem, o pessoal vinha do sitio com tratores e caminhões e trabalhava o domingo inteiro na construção. O pessoal do sitio vinha aqui carregar terra, desbarrancar, carregar tijolos. Então, o povo fez esta igreja e é este o grande valor e esta paróquia é do povo por causa disto...”

Em 31 de agosto de 1968 ele é elevado a condição de Cônego pelo bispo de Campinas. Em 1970 completa seus 25 anos de vida sacerdotal com grande cerimônia. Em abril de 1973 inaugura finalmente a Igreja. Restava apenas o término da torre que abriga os sinos. Em setembro de 1973 ele falece. Em todas essas datas importantes, nunca faltaram com suas presenças o povo, os príncipes e padres da Igreja, a edilidade e outras autoridades, e ainda de pessoas ligadas ao Espiritismo Kardecista, pela amizade que não alimentava a polêmica. Foi enterrado na própria Igreja de Santo Antonio, numa cripta que fica abaixo da Rua Ribeiro de Barros.

CRIPTA


Nascido na Espanha em 1913, vindo para o Brasil com 8 anos de idade, ainda jovem entrando para escolas de cunho católico, preferindo a vida sacerdotal, quis a providência que viesse para Itapira e fizesse todo um trabalho dinâmico e frutífero, que foi reconhecido por todos. Ele recebeu o titulo de Cidadão itapirense e seu nome foi dado a um logradouro no bairro Parque Santa Bárbara para eternizar seu nome em nossas terras.












Em fevereiro de 1974, toma posse como pároco, o Padre Paulo Nogueira, membro de família tradicional da cidade. Foi lido o documento da Cúria salientando o papel do Cônego Matheus nesta paróquia. Além dos sacerdotes da cidade e de Campinas, registramos a presença de membro da Igreja Presbiteriana itapirense.
Em suma, Padre Matheus foi um grande homem, sacerdote e mais que isso, a imitação que todo o católico deve buscar em Cristo Jesus para viver bem neste mundo. Nossos mais profundos respeitos à sua memória, digno Padre Matheus e das obras que avançaram no tempo, criadas pelas suas mãos e vontade.

O MARTIR DA ABOLIÇÃO DE ITAPIRA

ERA PENHA ... DEPOIS, ITAPIRA

Um grave fato histórico ocorrido em nossa cidade, a um século, de tamanha projeção nacional e internacional, provocou a mudança do nome de nosso torrão. Até 1890, seu nome era Penha do Rio do Peixe. À partir de então foi batizada como Itapira. Que houve de tão ruim para que a edilidade pedisse ao governo de São Paulo a mudança do nome da cidade? No livro de registros de ofícios expedidos pela Câmara Municipal da Penha do Rio do Peixe, pagina 85 lemos: -“... Cidadão. A intendência municipal desta cidade da Penha do Rio do Peixe, em sua sessão de hoje, resolveo por votação unânime, representar-vos no sentido de ser mudado o nome que esta cidade conserva, digo cidade e município tem conservado até hoje, pelo de cidade e município de – ITAPIRA – satisfazendo assim, o desejo de grande parte de sua população. Esta indicação tem por fim apagar qualquer sombra que o passado possa projectar sobre o futuro desta Cidade, riscando do quadro das cidades paulistas um nome execrado por mais de um título. Saúde e fraternidade. Paço municipal da Penha, em sessão de Intendência, 8 de fevereiro de 1890. Ao cidadão Dr. Prudente José de Moraes Barros, Digmo. Governador do Estado – de São Paulo. Está conforme. O secretário: Oliveira Rocha...”.

Retrocedamos até 1885 para compreendermos os fatos tristes e imprevisíveis. Vindo da vizinha Mogi Mirim, nascido lá em 29 de agosto de 1855, o cidadão Joaquim Firmino de Araujo Cunha, tomou posse como Delegado de Policia em 01 de setembro de 1885. Reinava a escravidão dos negros, no Brasil. Minhas pesquisas tomam o livro “Joaquim Firmino, Mártir da Abolição”, de Jacomo Mandatto e, nele, Jacomo conta que todos tinham escravos. Era status. Quem tinha dinheiro e poder fatalmente teria um. Até o vigário local, Padre Gaudêncio Ferreira Pinto vendia a Pedro de Almeida Lara, três escravos, em 04 de janeiro de 1875. Não se quer dizer que o tratamento inumano que foi dado a milhares de escravos, balizava a relação da maioria dos proprietários. Firmino veio com a esposa e filha e foi morar na Rua do Comércio (hoje Francisco Glicério), 400, construída em 1875, bem próxima da Praça onde ficavam a Matriz, Câmara e Cadeia. A casa foi demolida em tempos recentes e o proprietário do local, Professor Sillas Bravo Nogueira, ex-secretário da Educação de Itapira, doou um tijolo que fez parte do alicerce.

a casa do Delegado na Francisco Glicério


Foi entregue recentemente pelo Professor Sillas Nogueira, novo proprietário do local onde o delegado morava, um tijolo que fez parte do alicerce da casa construida em 1875.



Desenho mostrando os fundos da casa


A Câmara e Cadeia na praça da Matriz


Desenho do centro de Itapira em 1888






Observando as escrituras de venda de escravos de Itapira, vemos como era alto o valor do servo. Num trecho da escritura lemos que três escravos, entre 14 e 27 anos de idade, foram vendidos por seis contos e oitocentos mil réis. Um conto de réis equivalia a um milhão de mil/réis. Sei, por exemplo, que o Comendador Virgolino de Oliveira, em 1933, comprou o trator de esteiras, vindo dos Estados Unidos, por três contos de réis e, já nessa época, o valor da moeda havia desvalorizado muito. O escravo era considerado uma peça, como um terreno ou uma casa, sobre o qual, o comprador pagava imposto “meia siza”. O escravo podia até ser arrendado, como consta em outra escritura. Esse preço vai diminuir à época da abolição para quinhentos mil réis. Se levarmos em conta que existiam no país cerca de 700 mil escravos, para que o governo indenizasse os proprietários teria que empenhar o valor do PIB brasileiro para essa quitação, em torno de 375 mil contos de réis, o que levou Ruy Barbosa a queimar toda a documentação sobre o assunto.


IMPOSTO MEIA SIZA



O Brasil, daquela época, dependia do trabalho escravo para que o Império pudesse arcar com suas despesas. O café era o produto de exportação que trazia as divisas que o Estado precisava. Não tinha outra forma de comércio. O Brasil dependia do setor primário totalmente. O movimento para abolição da escravatura vinha contrariar os interesses do governo e proprietários de terras produtivas do café. A pressão exercida pela Inglaterra era grande e cada vez mais, se tornava arriscado o trafico de negros para o Brasil. As fortunas dos grandes latifundiários estava ligada à posse dos escravos. Sem escravos haveria a paralisação das colheitas de café e, na seqüência, a bancarrota. Em Itapira, no ano de 1875 haviam 1.298 escravos e o numero da população livre era de cerca de 6.000. A maioria dos escravos era utilizada nas fazendas itapirenses.

É nesse cenário que Itapira irá aparecer, de forma ultrajante aos olhos dos abolicionistas e do povo. Não que o Delegado não tivesse escravos, tinha-os. Mas, as idéias da abolição atraíram a atenção do Chefe de Polícia. Ele era amigo do Sr. Joaquim Ulisses Sarmento, jornalista, farmacêutico e vereador, que fez publicar na “Gazeta de Mogi Mirim” os acontecimentos da morte violenta do policial. Ele e o Delegado chegaram a fazer em Itapira comício em prol da abolição. Imagina-se o que os fazendeiros sentiam ao serem afrontados assim. Nos últimos tempos, Joaquim Firmino acoitava em sua casa os escravos que fugiam e os encaminhava para locais mais seguros. Se negava a capturar escravos fugidos, apesar dessa autorização vir de São Paulo. Ainda enfrentou processos dos fazendeiros como da contratação de advogado em Mogi Mirim para que o delegado cumprisse sua tarefa de capturar escravos; em outro, Firmino Gonçalves Bairral processa o delegado por abuso de poder. Na sentença, o Juiz absolve o réu e, entre outras palavras diz: “...Atendendo porém, que o réu estava convencido no perigo iminente e que pela sua inteligência, má compreensão e nenhuma aptidão para o cargo...”.

Os chefes políticos também eram fazendeiros, comerciantes, etc. Basta olhar na ‘Câmara Política’ do Museu, do inicio da república, para ver os sobrenomes: Rocha, Pereira, Cunha, Alvarenga, etc. Em 1888 não era diferente. Dr. Jose Joaquim de Moraes (presidente), José Gomes de Alvarenga Cunha(Capitão), Simão Cananeo Monteiro, Francisco Otaviano de Vasconcellos Tavares, João Batista da Rocha, Manoel da Rocha Campos Porto, João Manoel Pereira de Oliveira e Joaquim Ulisses Sarmento(este último amigo como já vimos do delegado).

Concatenando os acontecimentos, temos: a) O Império já vinha tomando medidas para acabar com a escravidão (lei do ventre livre, do sexagenário, etc) e em quatro meses, a princesa Isabel assinaria a Lei Áurea; b) para os fazendeiros e interessados, o delegado era grande problema, pois, incentivava a debandada de escravos; as atitudes do delegado de enfrentar certos fazendeiros, fazer comício sobre abolição em plena Itapira em 1887, se negar a caçar escravos e acoitar escravos em sua casa; do Chefe de Policia de São Paulo, Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves, exonerar o cidadão Joaquim Firmino do cargo de delegado justamente no dia 11 de fevereiro de 1888, horas antes de sua morte, tornando-o um cidadão comum.

Os fazendeiros resolveram dar um “susto” no delegado e se juntaram os jagunços e, a na noite de 11 de fevereiro de 1888 subirem até o centro da Penha do Rio do Peixe e dar uma lição exemplar. Em número de 200, armados com espingardas, garruchas, cacetes e cabos de relho, foram até a residência do delegado. Nos depoimentos da esposa, filha , escravas e mesmo das testemunhas de acusação, a turba se dividiu em dois grupos. Um foi para os fundos da casa e o outro entrou pela frente. Com tiros nas paredes, arrombamento de porta, destruição de móveis e utensílios invadiram a casa. Firmino com trajes de dormir percebeu a movimentação e correndo para os fundos avisou sua esposa para fugir com a filha. Como se viu cercado, tentou empreender fuga pela janela pulando para a casa vizinha. Não conseguiu, caindo de uma altura considerável ao solo, foi cercado e recebeu inúmeras pauladas que causaram sua morte. Sua esposa também saltou pela outra janela e, caindo machucou o braço, se escondendo dentro de um forno vazio. A menina e as escravas não foram molestadas, pois, o objetivo do grupo era o delegado. Confirmada a morte de Joaquim Firmino, os homens se dirigiram a outros dois locais próximos, onde moravam abolicionistas, Pedro Candido de Almeida, Bento da Rocha Campos e, encontrando as casas vazias. O vigário, Padre Agostinho Gomes da Costa , também é citado como simpatizante da causa mas não é mencionado nos depoimentos.
No Auto do Corpo de Delito, os oficiais declaram sobre o cadáver do delegado: - que a parte de traz do corpo nada havia de sinais de luta. Na frente (tórax, braços e cabeça) sinais de equimoses e luxações. O exame da residência também confirma o que disse acima.

A lista de acusados é enorme e aquele que é o mais indicado como culpado pela morte, é o Dr. James Warne (americano, naturalizado). Os fazendeiros contratam então, o melhor advogado do Estado de São Paulo, Dr. Brasilio Machado, pela quantia de 100 contos de réis. Como ele é o melhor, consegue fazer com que nenhum dos acusados seja condenado, por falta de provas em todos os quesitos. A Justiça local declara inocentes a todos e expede o alvará de soltura, indica o tesouro municipal para pagar as custas do processo, encerrando assim o julgamento. No museu encontramos cópias de dois volumes do processo que estão em bom estado.

GALERIA DE FOTOS



De cima para baixo, da esquerda para a direita, vemos:
Valeriana de Alvarenga Cunha
Joaquim Firmino de Araujo Cunha
Julieta, filha do casal
Manoel Vicente de Araujo Cintra
Jose Avelino Gomes da Cunha
Jose Gomes da Cunha
Joaquim Augusto Gomes da Cunha
Manoel Bento Pereira da Silva
João Manoel Pereira da Silva
Olegario Pereira da Silva

Na Câmara de Penha (Itapira) pela ata de 18 de fevereiro de 1888, é dada a noticia da morte de Joaquim Firmino com pesar e solicitado ao presidente que ative o serviço de iluminação pública até o final da madrugada, pois, a população está atônita e apreensiva quanto a novas desordens. É conhecido também o nome da pessoa que irá substituir o delegado morto, Major Guilherme Jose do Nascimento. Dois anos depois, em 1890, acontece a solicitação da mudança do nome da cidade.
Esse episódio foi explorado pelo lado abolicionista (imprensa, anti-monarquistas e intelectuais) de forma muito intensa. Como a morte de João Pessoa, por motivos pessoais, foi o motor da revolução do período Vargas, aqui também a morte de Joaquim Firmino cumpriu um propósito mais alto, que era a luta pela libertação dos escravos. Toda a imprensa noticiou o crime. Noticiou o julgamento. O Dr. Brasilio Machado viu seu nome ser acachapado, denegrido, ridicularizado por ser o defensor de um bando de sicários. Joaquim Firmino pode ser considerado Martir da Abolição de Itapira porque após ter enfrentado e desafiado a toda uma comunidade escravagista, abrigado os escravos em sua casa e ajudando-os a escapar da cidade, recebeu o prêmio aos mártires reservado, a morte. Nomes como: Francisco Rangel Pestana, Angelo Agostini, José do Patrocinio, Joaquim Nabuco, João Mendes Jr, Jose Maria dos Santos, Lavinia Rocha Alvares Pessoa, Luiz Francisquini relataram de todas as formas os acontecimentos. No dia 13 de maio de 1888, é assinada a lei que liberta totalmente os escravos no Brasil.

Em Mogi Mirim, além do sepultamento com presença de grande público e comoção geral, as homenagens ao delegado-martir foram muitas. Foi dado seu nome a uma rua importante naquela cidade e, em nossos dias possui um centro de preservação de sua memória. Jacomo Mandatto aqui , conseguiu nominar uma rua do Jardim Soares e inaugurou um pedestal na praça da Mãe Negra no centenário de sua morte. É merecido o título de mártir, pois, morreu em conseqüência de falar e agir, como abolicionista.

LILIA APARECIDA PEREIRA DA SILVA



Falar de alguém é sempre algo desafiador, pois, se espera que o aludido goste e se enterneça pelas palavras polidas com que o narrador o descreve. Falo de Lilia Aparecida Pereira da Silva. Outras pessoas, realmente importantes, já falaram dela, de sua arte que é eclética. Passa pela pintura de telas, desenhos, teatro, traduções, copista, pianista, ilustradora, contos infantis, esculturas, publicações sobre Direito e Psicologia e, poesias. Sua formação acadêmica inclui: Direito, Psicologia, Letras e Jornalismo.

É filha do saudoso Dr. Hortêncio Pereira da Silva e Dona Josefina Galdi, membros das famílias fundadoras da cidade de Itapira. O pai de Lilia foi o primeiro médico da cidade, diretor do Instituto Bairral e Prefeito (1942 a 1945). Aos 5 anos de idade já compôs um soneto, intitulado “ Natal”. Publicou até hoje mais de cem livros sendo que muitos traduzidos em outras línguas, sem contar sua produção de telas, esculturas e desenhos. Não sou crítico de Arte mas pego carona nas vozes de autores renomados que falam dela. A elogiam ao extremo. Sua verve é lírica e ao ler diversos poemas seus, percebemos os sentimentos e emoções que os recheiam.
Além do acervo posto no museu com parte de suas obras (Câmara Artística), podemos conhecê-la por seus livros na Casa da Cultura e também na Biblioteca que leva seu nome no bairro da Vila Ilze. Em seus livros, encontramos sempre o depoimento de escritores e críticos, daqui e do exterior, enaltecendo sua poesia e pensamentos que transcendem o ser humano que ela encarna. Vou citar alguns nomes: no Brasil - Menotti Del Picchia, Paulo Bomfim, Clarice Lispector, Guilherme de Almeida, Carlos Drummond de Andrade, Cassiano Ricardo, Quirino de Andrade. No exterior – H. Houwens Post (Holanda), Enrique Lopez Alvarez (Perú), Leo Magnino (Italia), Pent NurmerKund (Estonia), Vittorio Crescimanno Tomasi (USA), Claude Cotti (França), Gregório San Juan (Espanha), Mirley m. Avalis (Argentina), Fernando Namora (Portugal), Roman Fontan Lemes (Urugauy), e tantos outros.

Em entrevista ao poeta e repórter Álvaro Alves de Faria, Lilia fala de sua vida de poetisa. Decepções e alegrias que foram impressas em sua alma e da dedicação de uma vida toda voltada à Arte. Conheceu o mundo por causa dela. Recebeu inúmeras homenagens e prêmios e fez amigos e admiradores em diversos países. Um exemplo: Membro da Academia de Letras e Artes de Paris, França. Num trecho desse colóquio, Lilia afirma “....Como você se situa na poesia contemporânea brasileira? – Não me situo. Talvez, um dia, na posição de joelhos da minha poesia, me situem no Brasil. Sei mais falar de mim, da fome de escrever. Pertenço à geração de Aurélia Bandeira de Faria, de Paulo Bomfim, de Lupe Cotrim Garaude, Ivete Tonnus....”. Aqui no Brasil, não se preocupou em divulgar suas obras. Sempre usou pequenas editoras e, como mesmo diz ao repórter, compara sua criação (na visão daquele que escreve este texto) como pequenas aves, criadas e soltas ao vento que ela não sabe aonde vão parar. Ela, simplesmente, vai escrevendo conforme a inspiração que vem de Deus e assim que pode, as edita.


ACERVO EM:
Alemanha – Stuttegart
Austrália – Sydney
África – Libéria
Ásia – Tailândia, Pakistão e Singapura
Argentina – Santa Fé
Brasil – Vários museus e particulares
Bulgária – Lubiana
Bélgica – Bruxelas
Canadá – Toronto
Colômbia – Bogotá
Cuba – Havana
Chile – Santiago
Espanha – Barcelona
EUA – N.Y., Washington, Philadélphia, Miami Beach e Flórida
Filipinas – Quezon City
Finlândia – Suomi
França – paris
Grécia – Atenas
Holanda – Utrecht
Hungria – Budapest
Hawai – Honolulu
Índia – Bangalore
Italia – Roma, Napoles e Battipaglia
Inglaterra – Londres
Iuguslávia – Rijeka
Japão – Tóquio, Hiroshima e Hiokoama
Libano
México – D.F., Toluca, Acapulco e Ixtapalapa
Nicarágua
Portugal – Felgueiras
Perú – Lima
Suécia – Gotemburgo
Tobago – Trinidad
Turquia
Venezuela – Caracas
Rumânia – Bucarest
Russia – Moscow, Estônia e Odessa



No museu histórico, logo na entrada, quem lá for, poderá apreciar suas telas e um pouco de sua vida pessoal. Seu busto feito por Menotti Del Picchia e diversos livros colocados em três armários. As homenagens estão num quarto armário próximo dos já citados. Apesar de estar na idade da sabedoria, dirige seu próprio carro de São Paulo até aqui, onde permanece com os seus por alguns dias. Aproveita para visitar o museu e sempre traz algo novo como doação. Já doou vários objetos ao museu – selos, livros, telas, publicações, certificados, diplomas, etc. Alegre e comunicativa permanece no museu pouco tempo, pois, tem pressa de viver.
Aqui, coloco o que Menotti diz sobre a artista “...é já matreira nos caminhos da Poesia. Raros espíritos inquietos são tão copiosos e presentes em nossas letras e artes plásticas como esta querida Lilia...” (1964).


Auto-retrato, óleo sobre tela, junho de 1995, SP



Reproduzo uma das poesias intitulada:
A Máscara
Os que batem em minha máscara,
Como se bate à porta,
Foram sempre mãos de luvas.

Os que me beijaram a máscara,
Sonhando beijar-me os lábios,
Foram sempre marionetes.

Os que pintaram a máscara
Em tom mais triste que o cinza,
Foram sombras dispensadas.

Os que me transpassaram a máscara
Foram deuses
Nunca homens.


Coloco aqui alguns desenhos de Lilia, pois, por muitos anos, ela fez ilustrações para os Jornais Diário da Noite e Diário de São Paulo, na cidade de São Paulo, e só sabia qual era o tema , a cada noite, quando chegava à redação. Interessante ver que seus desenhos são feitos por linhas e olhando o conjunto percebemos a imagem como se estivesse repleta.























TROVA Á LILIA
vivendo a vida assaz
fazendo arte excelente
daqui, Lilia loquaz
despontou mui fulgente


Então, faço o convite aos itapirenses, que ao visitar o museu histórico, visitem a Câmara Artística.








Além de Lilia, existem algumas obras de outros artistas que estão expostas na Câmara. Lilia é itapirense e levou o nome de Itapira ao mundo, pela arte. Reverenciemos com carinho esta mulher que soube aproveitar seus dons para benefício da cultura de nossa terra e do Brasil.

Abraços e Paz.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

AVISO IMPORTANTE

Gostaria de avisar aos amigos que à partir deste mes, as pesquisas no museu histórico deverão ser agendadas, pois, devem ser acompanhadas por um funcionário daquele equipamento cultural. Pelo telefone 19-3863-0835 ou email marcio.carlos@itapira.sp.gov.br. Agradeço a compreensão. Abraços e Paz

sábado, 5 de fevereiro de 2011

NOVIDADES

Oi amigos, a novidade nesta semana é que à partir de hoje, no Jornal A Cidade, de Itapira, tenho uma coluna para falar sobre o Museu Histórico. Reproduzo abaixo a matéria e fotos do assunto.

ESPAÇO “MUSEU HISTÓRICO”

Foi com muita alegria que recebi o convite do Jornal, A Cidade, para mostrar semanalmente, um pouco da história de Itapira. Já faz algum tempo que procuro divulgar o acervo e pedir a colaboração do munícipe para enriquecer ainda mais a produção humana que lá existe.
Falo, não como funcionário da Prefeitura mas como um amigo daquele aparelho cultural. É impressionante o manancial de fatos, objetos e a história de muitas pessoas que o museu encerra.
Creio que podemos aprender muitíssimo através do museu. Memória, é a palavra que melhor define aquela instituição. Quantas vezes pude presenciar a emoção estampada no rosto de quem reconhece um objeto usado por seus antepassados ou vê algo que lembra de ter usado quando era ativo em sua profissão, ou ainda lembrar-se de algum homem público que tenha admirado.
Comento isto porque a idéia de museu como um local cheio de coisas velhas, sem uso, com cheiro de mofo é equivocada. Na verdade, ele deve ser vivo, isto é, comunicar-se com a comunidade ao qual esta inserido. Nós, enquanto amigos do museu, devemos fazer esforços para que isto se concretize. E uma das formas é esta. Ter espaço num jornal de grande circulação em nossa cidade. Fiz um blog também, pois, a internet divulga numa escala muito maior. Gostaria de salientar finalmente que toda a semana estarei publicando algo interessante do acervo.
Sou Marcio Carlos, coordenador do museu desde 2007. Sou paulistano, mas resido há 10 anos em Itapira. Sinto-me como filho desta terra que me cativou muito e onde fiz inúmeros amigos. Abraços e Paz a todos.


Comendador Virgolino de Oliveira

ASSUNTO
Para começar a coluna, nada mais justo que falar da câmara (o museu é divido em câmaras) do Comendador Virgolino de Oliveira, que é o Patrono da instituição. Patrono significa, entre outros, padrinho ou protetor do local.
Nasceu em 15 de março de 1901, no Sitio Palmeiras em Itapira. Foi um grande homem de negócios e empreendedor nato. Ergueu uma das mais modernas usinas de açúcar no Brasil. Já em 1933 recebia um trator de esteiras, idéia de mecanizar a lavoura, que encontra-se exposto no museu. Casou-se em primeiras núpcias com Dona Elvira Santos de Oliveira em 1921. Após ficar viúvo, contrai novas núpcias em 1952, agora com Dona Carmem Ruette. Ela é, por sua vez, outro nome bastante conhecido e estimado por todos. Ela, vez em quando, faz visitas ao museu e, em uma dessas visitas comentou que seu marido foi um dos responsáveis pela fundação da COPERSUCAR, pois, via a necessidade da união dos usineiros para uma lavoura forte e representativa.
Mas foquemos o Comendador. Toda a sua existência foi dedicada ao trabalho constante, voltando-se também para os que mais precisaram e para menina de seus olhos, a cidade de Itapira.
Foi prefeito por dois anos tendo deixado o cargo por não ter tempo de cuidar da usina e da cidade. O afastamento no entanto, não foi motivo para deixar de continuar trabalhando pela cidade - Tinha amizade com as forças políticas das três esferas. Prova disso é que todo o grande político que visitou Itapira, sempre era recebido em sua casa, na usina, por ele e sua esposa. Posso citar: o ex-Governador Carvalho Pinto, o ex-Deputado Federal Ulisses Guimarães ( encontra-se no museu um álbum de fotos), o ex-Governador Dr. Adhemar de Barros, o ex-secretario de obras Paulo Salim Maluf ( encontra-se no museu um álbum de fotos), sem contar os políticos de Itapira. Quando da visita do ex-Presidente da Republica Gal. Eurico Gaspar Dutra pelas cidades da baixa mogiana, ele foi convidado para um encontro com aquela autoridade.
Sempre socorreu e equipou várias instituições itapirenses. Enfim, era um homem com que todos aqui podiam contar nas horas difíceis da vida pública ou particular. Doação de um motor para a estação de recalque dos serviços de águas; o altar de São Sebastião da segunda Igreja Matriz; a desapropriação do terreno, cobertura e manutenção dos salários por um ano dos professores da escola “Dona Elvira Santos de Oliveira” quando de sua construção; gabinete dentário para o Grupo Escolar Dr. Julio Mesquita; construção do Pavilhão Infantil na Santa Casa; doação de ambulância para o município; contribuiu vivamente, desde o alicerce até a cobertura, da nova Igreja Matriz; juntando os salários que recebeu como prefeito, comprou e doou um caminhão tanque para irrigação de ruas.
Dos industriais e autoridades de órgãos ligados ao plantio de cana , cito alguns nomes : srs. Comendador Mario Dedini e Hermino Ometto; do Instituto do Açucar e Alcool, os presidentes Manoel Gomes Maranhão, Leandro Maciel e Gileno di Carli; Outra figuras importantes do cenário municipal e brasileiro: o Conde Francisco Matarazzo, Menotti Del Picchia, Desembargador Marcio Martins Ferreira.
Na ajuda humanitária: crianças do Vietnam e Indios Pacoa do Amazonas.
Algumas das homenagens: titulo de Cavaleiro da Ordem de São Silvestre, em 1957, concedida pelo Papa Pio XII; Sócio Benemérito do Lions Clube de Itapira; sócio remido do Clube XV de Novembro; diploma de Simpatia pela Radio Record de São Paulo pelo cargo de prefeito; Cidadão Emérito de Itapira; do governo italiano - STELLA DELLA SOLIDARIETÁ ITALIANA DI 2o CLASSE –(COPIA); diploma de honra ao mérito da Associação Comercial de Itapira; oficio sobre doação em dinheiro para o Hospital e Maternidade do Guarujá; diploma “Capacete de Aço” por serviços prestados durante a Revolução constitucionalista de 1932; e medalhas comemorativas.
Lamentavelmente, faleceu em desastre aéreo em Itapira em dezembro de 1962 após 14 minutos de decolagem com seu avião, acompanhado do prefeito em exercício, Sr. Antonio Caio. O motivo dessa viagem à São Paulo era o de conseguir verbas para os serviços de águas do município. O piloto, Sr. Alcebiades Bottene também faleceu no triste acontecimento. Até os últimos minutos de sua vida, Virgolino de Oliveira, estava envolvido nos interesses do município, por isso, tantas homenagens e o reconhecimento público até os nossos dias, pela existência magnífica desse grande homem que tanto orgulho causa à Itapira.
Possui o acervo além dos objetos tridimensionais que a ele pertenceram, documentos e muitíssimas homenagens. Uma parte disto está exposta na Câmara do Patrono enquanto a maior parte fica guardada na Reserva Técnica do museu.


Foto da Câmara do Patrono


1a Concha de açucar tirado em 1933


1a Turbinada de açucar da Nova usina de 1954

Quem quiser conhecer de perto esta homenagem que é perene no museu, ao digno filho dessa terra, VIRGOLINO DE OLIVEIRA, que vá ao Parque Juca Mulato. Funciona durante a semana no horário comercial e nos finais de semana, abrindo no domingo à tarde, das 13:00 hs às 17:15 hs, como nos feriados, em idêntico horário.