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segunda-feira, 9 de maio de 2011

ADMIRÁVEL ODETTE COPPOS

À medida que vou conhecendo a historia e as pessoas de Itapira, fico admirado como esta terra foi pródiga e fecunda na geração de gente ligada às Artes. São pessoas que nasceram no século XX mas com a cabeça no século XXI, tais os pensamentos e atitudes que marcaram suas vidas em nossas terras.



ODETTE COPPOS



Hoje falo de Odette Coppos. Nasceu às duas horas da madrugada do dia 14 de maio de 1916, em Itapira. Portanto, se estivesse viva hoje, estaria com 95 anos de idade. Filha de descendentes Italianos, tendo como avô paterno Jácomo Coppos (italiano de Veneto, Pádua, Italia) pai de nove filhos no Brasil, sendo que o mais famoso para nós é Victorio Coppos, que foi casado com Romilda Carini. Ela foi filha deste casal. Para padrinho de batismo foi escolhido seu avô materno, Pedro Carini que se encontrava preso na cadeia da cidade por problemas políticos, algo até natural para a época, e foi lá na cadeia, onde é hoje a Casa de Cultura João Torrecillas Filho que ela recebeu o sacramento da Santa Madre Igreja, dando-lhe o nome de Maria Odette da Pureza Coppos. Era o mês da Festa dos 13.
Aos 7 anos de idade, compôs sua primeira musica e letra nostálgicas, tendo como motivo a morte de sua priminha Rosina. Já nessa idade gostava de ler e decorar poemas em italiano e espanhol. Estudou no Grupo Escolar Dr. Julio Mesquita contando com uma estupenda professora, Dona Lili Fonseca que a coordenou para uma exposição que a pequena Odette faria com muito sucesso naquele estabelecimento de ensino.
Aos 8 anos, estava fazendo aulas para a primeira Comunhão quando, resolveu se confessar diretamente a Deus e comungar sem o final do curso. Estava mostrando ao mundo da pequena Itapira quem ela era. Sua independência, sua critica às regras pré-estabelecidas, sua vontade de fazer coisas novas. Uma coisa que chamou minha atenção é a dedicação ao seu pai, Victorio Coppos. Dona Lilia Aparecida Pereira da Silva também demonstra a mesma dedicação, carinho, algo como veneração pelo pai. Sem dúvida porque esses genitores fizeram tudo que estava ao seu alcance para que elas pudessem gravitar no mundo das Artes. Cada uma a seu modo.
Ainda nesta idade, ao saber que o tio Luiz Fiordomo iria viajar para a Itália, quis ir junto. No que não foi atendida. Que ímpeto. Com 14 anos, seus pais a levaram para Mogi Mirim, na casa de Dona Dita Martinelli aprender a costurar, bordar, etc., coisas que as boas moças de família faziam para galgar um bom casamento e criar família. Imagino como uma mocinha com tanta energia para viver e descobrir o mundo reagiu. Aos 15 anos, seu pai deu-lhe um piano. Fez curso e aprendeu a tocar. O nome da professora era Luiza Vieira. Seu “debut” foi no Clube XV muito bem vestida, roupa confeccionada por sua tia Josephina Coppos, ao som de lindas valsas.
Aos 24 anos, muda-se para São Paulo, morando na Liga das Senhoras Católicas e trabalhando como funcionária pública no Gabinete de Investigações da Primeira Secção Interna. Muda-se (movida pela rigidez das regras) posteriormente para outra pensão, a de Dona Luiza dos Santos, próximo do Palácio dos Campos Elíseos, centro da cidade. Menos rígida. Criou a Marioh Confecções (lingerie) que infelizmente não resistiu por muito tempo.





Com amigos , jantando em um restaurante. Ela está entre os dois casais.
Como era muito bela, sempre esteve às voltas com as investidas dos homens. Isto foi uma constante, levando-se em conta a independência e liberdade que tinha. Quis por um ponto final nisto, casando-se com um cientista paulistano, mas não deu certo. Viajando para o Rio Grande do Sul conheceu o homem da sua vida. Filho de um general das hostes de Getulio Vargas.
Participou de um ritual de magia negra em São Paulo, trabalhou em circo como adestradora durante uma temporada, foi cantora no Cassino Mar Del Plata, foi detida pela policia em São Paulo por estar na madrugada passeando no Parque Trianon em companhia de seu primo (no dia seguinte estava solta), foi cantora lírica, atriz, escritora, jornalista e poetisa. No Tribuna de Itapira de 23 de maio de 1993, Odette menciona cidades onde atuou, como Caxambú, Baependi, Campanha, Belo Horizonte, Niterói, Bahia e Ceará. Focando Caxambú, através do pedido do Prefeito Jose Ferraz Caldas, Odette, foi chamada como museóloga que era, para criar o museu. E o fez com grande maestria. Em maio próximo, ele vai ser reinaugurado e novamente o nome da nossa homenageada e de Itapira, serão lembrados.
Após tantas experiências, alegrias e tristezas, ela, voltou para Itapira. Aqui produziu muito e suas obsessões foram : as congadas (26 anos de envolvimento) , o Delegado Joaquim Firmino e a Igreja Brasileira. Recebeu, o museu histórico, farto material sobre esses assuntos que a ela pertenciam. Estava tudo em sua casa, na Rua 24 de Outubro, local onde instalou seu MUSEU DA FANTASIA CRIATIVA.






Frente à sua residência na 24 de Outubro – local do museu particular

Estive lá, na demolição e pude perceber o que deve ter sido. No jornal O Tribuna, de 14 de fevereiro de 1993, o Sr. Fernando Luiz Thiago de Adriozola, Coordenador Regional de Comunicação Social do Instituto de Assistência Médica da Previdência Social, Regional São Paulo fala:







do que viu no museu de Odette: um Memorial Victorio Coppos; ornamentos de todos os estilos e épocas; a Capela Histórica, abordando assuntos sobre congadas, o delegado mártir e a Igreja Brasileira; a Caverna Morta; o Jardim Suspenso e o Ritual do Sino da Oficina.

No museu encontramos vários livros e jornais seus. São:
1- Jornal “SÓ MULHER” - 1985 - Itapira
2- Livro “O LIVRO DE ITAPIRA” - 1995 - Itapira
3- Livro “UM POUCO DA HISTORIA DO TREM DE ITAPIRA” – 1976 - Itapira
4- Publicação “A SOINDARA” (auto-biografia) – Década de 90 - Itapira
5- Livro “O LIVRO DA FESTA DOS 13 E DAS CONGADAS DE ITAPIRA” -1997 - Itapira
6- Livro “NASCE A CONGADA N.S. DO ROSÁRIO DOS HOMENS DOS PRADOS” -Década de 70 -Itapira

7- Livro “ CONGADAS” folclore – Década de 70 - Itapira
8- Livro “ GUIA DE TURISMO DA CIDADE DE ITAPIRA” – Década de 70 - Itapira
9- Novela Tragi-cômica “30 DIAS DE GERÊNCIA” - Década de 70 – Rio de janeiro
10- Livro “ CONGADAS” - 1971 – Rio de Janeiro







Ela esteve muito envolvida como disse, com alguns assuntos. No caso da Congada, ela, a Sra. Ofélia Zanovello e outros amigos, supriram e sustentaram as apresentações e tudo o que compunha-se de originalidade das congadas itapirenses, talvez porque como escreveu meu amigo, Conde Thiago de Menezes, ela quase nasceu em meio da festa dos 13. Tal a dedicação, que até cobrava da Administração Municipal, atitudes para que não deixa-se acabar essas tradições. Pela quantidade de livros falando à respeito de Congada, pode-se inferir como lhe era caro o assunto.
Outra paixão foi a Igreja Brasileira. Em 1974, Odette quis reavivar a seita em nossa cidade. Enfrenta resistência e, com autorização judicial instala a sede num barracão próximo ao cemitério. Teve vida efêmera. Quando de suas viagens para o nordeste, absorvida com assuntos folclóricos, outrossim levou a mensagem da Igreja Tupiniquim em suas palestras. Outro fato foi que aqui em Itapira em 30 de agosto de 1985, pela comissão organizadora, assinados por Jacomo Mandatto (historiador itapirense e ex-vereador) e Odette Coppos (atriz, escritora e jornalista), promovem a inauguração da reforma do túmulo do Cônego Manoel Carlos de Amorim Correia, no cemitério MORITURIS de Itapira.
Sobre o Delegado Joaquim Firmino, da mesma forma, publicou em jornais vários comentários, unindo o nome dele como “Mártir” da escravidão. A Princesa Isabel também mereceu destaque pelas leis do “ventre livre” e da “abolição’. Todavia, dá ênfase ao martírio do delegado e da conseqüente mudança do nome da cidade, apontando como esse fato pressionou o Império a tomar uma atitude que era cobrada pelos intelectuais, políticos e diversos países que mantinham relações com o Brasil.

Nos jornais que ela produziu, o foco maior foi seu pai. Como construtor fez vários prédios em nossa cidade. Alguns exemplos: Casa de Dona Helena Cunha; Clube XV de Novembro; Palacete do Cel Francisco Vieira; sobrado da Família Fiordomo; Igreja da Fazenda do Salto; Frontispício do Cemitério Morituris e da cadeia pública, como muitas outras.
Faleceu, Odette, no dia 09 de julho de 2009, aos 93 anos de idade. Deixou o mundo em um dia histórico para São Paulo. Data que não será esquecida por Itapira, sua terra natal, pela ausência de uma grande mulher e admirável astro.






Jornal A Cidade de julho de 2009

Na doação feita pela família de Odette, o museu recebeu um filme onde está eternizado a tarde de autógrafos no ano de 1961 e diversos monóculos com fotos, em sua grande maioria, sobre congadas.


































Fontes: Jornal Tribuna de Itapira - 1993; A Soindara – (Odette Coppos, Dec de 90); Site S. Freitas, Internet – Jornal Só Mulher – (Odette Coppos,1985); e documentos doados pela família de Odette Coppos.


Cultural





Letra e música para Itapira, por Odette Coppos




Diploma do Clube dos Escritores Piracicaba – ODETTE COPPOS, Imortal em 01 de novembro de 2000.

VISITAS AOS MUSEUS

Os museus de Itapira, como quaisquer outros, existem, para serem visitados. Quando vou a alguma cidade, procuro conhecer um equipamento cultural desses porque acabo tomando contato com a história daquela comunidade. As pessoas mais importantes, políticos, artistas, cientistas, folclore, enfim, uma amostra rápida sobre sua vida da comunidade e seus feitos.
O Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM, todo o ano, realiza a semana nacional de museus, visando levar as pessoas, os munícipes, a conhecer um pouco de sua história social, política, geográfica, cultural e ambiental. Também é uma forma de fazer os gestores de cultura não deixarem estagnar os equipamentos culturais. Este ano o tema é: MUSEUS E MEMÓRIA.
Pensando nisso, imaginei falar sobre o que aconteceu nos museus de Itapira em relação as visitas escolares lá feitas. Itapira pensa grande, e não tem um, mas três museus. O mais antigo, Museu Histórico que leva o nome do Comendador Virgolino de Oliveira, Casa Menotti Del Picchia, que dispensa qualquer comentário e o de Historia Natural que leva o nome Dr. Hortêncio Pereira da Silva Junior.




MUSEU HISTÓRICO E PEDAGÓGICO COMENDADOR VIRGOLINO DE OLIVEIRA

Criado por decreto pelo Governo do Estado de São Paulo em 1972, funcionou provisoriamente num prédio junto à Câmara Municipal, depois sendo transferido (1974) e inaugurado no Parque Juca Mulato, onde está até os dias de hoje. Seu idealizador e por muitos anos, diretor, foi o Sr. Plínio Magalhães da Cunha, itapirense da gema. Posteriormente em 2001 foi municipalizado.

Seu acervo é eclético, portanto, vai das artes até as guerras. É dividido por câmaras onde o acervo esta relacionado. A maioria das exposições é permanente e sempre acrescentada por doações que ocorrem durante o ano.
A beleza, o cerne da instituição está não somente nas peças mas nos escritos. Esses sim conversam com o visitante, comovem, alertam, surpreendem. O que adianta ver a porta da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha e não saber o porque ela está no museu? Ver o retrato do Cônego Amorim, fundador da Igreja Católica Brasileira, e não saber como tudo aconteceu.
Memória. Segundo o dicionário Aurélio: “Faculdade de reter as idéias, impressões e conhecimentos adquiridos anteriormente; Lembrança, reminiscência, recordação, Celebridade, fama, nome, Monumento comemorativo, Relação, relato, narração.”
O museu recebe muitas visitas escolares, e estou postando aqui algumas fotos:










Fotos feitas em 2008 e 2011. Escola Municipal itapirense - Apresentação dos Batutinha (Itapira) dirigido pelo maestro Lupinacci – Entrega de premiação a aluna da rede estadual – Semana do Folclore com a Escola Julio Mesquita – Escola de Mogi Guaçu EMEF Prof. Anira Franco Campos mostrando anotações feitas pelos alunos para o trabalho em classe.
Nestes últimos dias tive a grata satisfação de receber alunos de universidades de Campinas e Franca, como também de Minas Gerais. São para pesquisar documentos, jornais, peças da época, fotos e livros. É muito bom ver a vontade de conhecer e a satisfação deles ao descobrir os fatos históricos ocorridos aqui. Afinal, o resultado dessa pesquisa vai se transformar no trabalho de encerramento de seus cursos.
Vez em quando, surgem no museu, alguns alunos do Antonio Caio, Caetano Munhoz e do ESO, querendo informações para trabalhos escolares. Eles também demonstram vontade de conhecer e entender a história da antiga Penha. Que prazer, ver jovens interessados. Concluo que são pessoas que na vida acadêmica, não sentirão dificuldades em administrar seus estudos porquanto sabem buscar as fontes. Entender e recontar a história.






MUSEU DE HISTORIA NATURAL HORTENCIO PEREIRA DA SILVA JUNIOR

Inaugurado primeiramente na Praça da Árvore, no mesmo prédio que foi o observatório municipal de Itapira, isto em 1999. Veio em 2007 para o Parque Juca Mulato, próximo dos outros dois equipamentos culturais. O homenageado com seu nome para o museu foi Pianista, Poeta e, aquele que trouxe a torre de transmissão das emissoras de televisão à nossa cidade. Filho do ex-prefeito Hortêncio Pereira da Silva e irmão de Dona Lilia Aparecida Pereira da Silva.
O museu conta com acervo excelente e tem por objetivos a educação ambiental e a pesquisa. Nas atividades faz atendimento ao público e às escolas. Dedica-se a taxidermia científica e possui kits didáticos para alunos. Neste ponto, as visitas de escolas com temas específicos, tem atraído constantemente professores e estudantes.

Infelizmente não consegui fotos das visitas escolares deste museu.






CASA MENOTTI DEL PICCHIA


Este local foi antigamente usado como laboratório de análises dos Serviços de Águas de Itapira. Em 1987, pelo decreto n. 24/87, tendo como diretor, o Sr. Jacomo Mandatto, inaugurou-se com vasto acervo do Escritor, Poeta, Advogado, Jornalista, Político e Imortal , o ilustre Paulo Menotti Del Picchia. Hoje, é a Professora Maria Elizabeth Guiraldelli quem dirige a Casa. O ponto alto para o acesso ao equipamento é a “Semana Juca Mulato”, quando as escolas participam com trabalhos relacionados ao tema do livro que dá nome ao parque.







Ao procurar nos jornais do acervo, encontrei reportagens sobre as inaugurações de cada um:





























Em casa um, encontramos um folheto que procura mostrar o que é, suas datas importantes e de maneira sucinta, um pouco do acervo que cada qual encerra:










Creio ser importante conhecer a história, literatura e biologia do Brasil e do mundo, como acredito também, conhecer tudo isto no âmbito do município itapirense. Escola e museu juntos. Valorizar o que ocorreu e ainda acontece aqui em nossas terras. Fica o convite para os professores. Como disse antes, os museus foram aqui criados para as visitas e apreensão da riqueza histórica e cultural de Itapira e, está ao alcance de todos. Abraços e Paz.

Estou inaugurando apresentações da arte de alguns itapirenses. Tenho vários trabalhos de Lilia Ap. Pereira da Silva (ilustrações). Este, pertence ao Livro “Desenhos para Pedrinho”, 2001. Editora Scortecci Editora, São Paulo.