Translate

quarta-feira, 30 de março de 2011

CEL FRANCISCO VIEIRA




Há algumas semanas, falei aqui sobre o Comendador Virgolino de Oliveira, que foi homenageado este mês pelos cento e dez anos de seu nascimento, homem que enriqueceu graças ao seu árduo trabalho e temor a Deus. Sua inteligência e tino industrial o fizeram homem que não precisava se preocupar com problemas materiais. Ele pôs sua riqueza a serviço da comunidade. Era compromisso pessoal e moral com os que mais precisavam. Este é o ideal que muitos hoje buscam, com o rótulo de “responsabilidade social “. Virgolino, já o tinha. Não só ele. Quando Virgolino estava com 9 anos de idade, outro itapirense ilustre e abnegado, era eleito pelos seus pares, como Intendente (prefeito) em Itapira e, seria reeleito como tal durante 15 anos consecutivos. Qualquer entidade ou organização, só alça vôo seguro, quando as pessoas que detém posses e prestígio, participam delas. Nome e riqueza ... essenciais para Itapira.
Francisco Vieira, nasceu em Itapira no ano de 1881, ainda época do Império. Filho do Sr. Joaquim Francisco de Assis Vieira e Dona Alexandrina da Silva Vieira, católicos, e por ser criado à luz desses valores, seguiu a religião de seus pais. Estudou no Colégio São Luiz na cidade de Itú até 1897 e após, no Ginásio Paulista, na cidade de São Paulo até 1899. Ingressou na Escola de Farmácia e Odontologia, onde se formou em Farmácia no ano de 1903, com muitos méritos escolares. Em 1904 casou-se com Dona Isaura da Silva Vieira, consórcio do qual vieram ao mundo, os filhos: Maria Aparecida Bueno (esposa de Dorival Bueno), Francisco Vieira Filho, Isaura Souza (esposa de Ollinto Meirelles de Azevedo Souza), Ivete Job (esposa de Abel Job) e as jovens Ivonnete, Ivone e llze.

Regressando à nossa cidade, montou seu negócio nessa área e, por muitos anos foi excelente farmacêutico. Além desta empresa, participou e/ou criou outras: serraria, fábrica de gelo, de mosaicos, tecidos de algodão e da fábrica de parafusos de fenda em São Paulo. Construiu também vários prédios em Itapira. Em 1928 possuía 13 casas.






FOTO DE 1934 NA PRAÇA – SOBRADO DO CORONEL CHICO VIEIRA







FOTO DO MESMO SOBRADO EM 2011



Na Capital ainda, foi Superintendente da Cia Armazéns Gerais e da Cooperativa Central de Laticínios, ambas do Estado de São Paulo. Em Itapira, foi sócio da firma Pereira& Irmãos (Fazenda São Joaquim) e era dono da Fazenda São Francisco, que produzia algodão, café e ainda contava com um rebanho de gado leiteiro.




SEDE DA FAZENDA SÃO FRANCISCO EM ITAPIRA




Na política, logo em 1910, foi eleito vereador e indicado com Intendente. Foi presidente da edilidade até 1930. Foi membro do diretório do PRP - Partido Republicano Paulista de 1916 a 1930 e posteriormente diretor do Partido Constitucionalista. Foi eleito deputado para a Câmara Estadual em 14 de outubro de 1934.
Durante o mandato como Intendente, soube dotar a cidade de importantes melhoramentos sem contanto, abalar o erário municipal. Vejamos: -numerosas associações particulares tiveram seu concurso vantajoso, dando-lhes prestígio e desenvolvimento. – Em 1917 fundou o Tiro de Guerra e, no mesmo ano, a instalação da Cruz Vermelha, presidida por sua esposa. – Em 1918, com a gripe espanhola, grassando em nosso solo, ele por ser farmacêutico, foi incansável no atendimento da população. Em 1924 presidiu a Escola Comercial. – Ainda em 1924, a instalação do Banco Comercial do Estado de São Paulo, sendo ele o gerente até 1934.




ASSINATURA DE CHICO VIEIRA NA PRIMEIRA ATA DE JANEIRO DE 1911


Participou ativamente das revoluções de 1924, 1930 e 1932. O titulo de Coronel que detinha, visto que ele não era membro do Exército Brasileiro, era uma patente devido a sua ligação com a Guarda Nacional. Explico: Após o grito do Ipiranga em 1822, por cautela, foi fundada, oito anos depois, por decreto, a Guarda Nacional. Contava com civis e a finalidade era de servir e honrar a Constituição, a liberdade, a integridade do povo e auxiliar o exército na defesa do solo pátrio por mar e terra. Então, os títulos de coronel, tenente, capitão, major, eram dados aos chefes políticos das várias cidades brasileiras. Foi o caso de Francisco Vieira, conhecido como Coronel Chico Vieira.




No futebol, foi admirador e incentivador ardoroso. Odete Coppos narra em seu livro: “...Era presidente do Sport, o mais poderoso esquadrão futebolístico de Itapira. Para reforçar o seu “11”, que era a sua maior vaidade, trouxe para o time um jogador de fora, verdadeiro demônio da pelota e de nome Carabina. Daí aquela piada na boca do povo: - no ano de 1923 entrou em Itapira a Carabina de efeito arrasador, por ordem do Coronel Chico Vieira, o manda-chuva da cidade, mas que, embora bom atirador, não feriu e nem matou ninguém.” Em 28 de maio de 1951, através da Lei n. 92, o Estádio Municipal passa a se chamar “Coronél Chico Vieira”, pela assinatura do então prefeito em exercício Marcelo Avancini.


Itapira, em 1909, conheceu o automóvel. Três primeiros automóveis rodaram pelas ruas da cidade e, um deles era de propriedade dos srs. Dr. Norberto da Fonseca e Cel. Francisco Vieira. Segundo coluna do João do Norte no jornal cidade de Itapira de 1973:
“...O ano de 1909 assinalou, aquilo fantástico, inacreditável. A vinda para a pequenina Itapira do primeiro automóvel, a máquina diabólica de marca francesa, 4 cilindros, com força de 28 cavalos, propriedade dos srs .. farmacêutico Francisco Vieira e do médico dr. Norberto da Fonseca. Isso ocorreu no mês de junho e o desembarque na estação da Mogiana chamou a atenção da população em peso, já que todo mundo foi ver o tal do “chaufeur”, arrancar a máquina barulhenta de dentro do vagão. E teve gente que não acreditou naquilo que cheirava feitiçaria. Como podia aquilo rodar pelas ruas sem o auxilio de uma parelha de vigorosos animais? Como o padre Bento teve coragem de jogar água benta naquilo que tinha parte com o diabo?....






Como não podia ser diferente, a cidade o homenageou com uma herma (seu busto) que está na Praça Bernardino de Campos, ao lado do monumento das Bandeiras e da herma de João Nogueira. Homenagem mais que justa a alguém que fez muito pela terra onde nasceu e prosperou.




Todas as buscas foram feitas nos livros e jornais à disposição no museu histórico: História Ilustrada de Itapira de Jacomo Mandatto; Álbum de Itapira de João Netto Caldeira; Guia Visual e Sentimental de Itapira de Lívia Monteiro Barbosa; O Livro de Itapira de Odete Coppos; Coluna No Tempo da Vovozinha de João do Norte (João Torrecillas Filho), editado pelo Jornal Cidade de Itapira de 1973, com direção do Professor Adib Chaib; Livro de Atas da Câmara Municipal de Itapira, volume que contém atas de 02/07/1906 à 16/06/1911.

Um comentário: