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quarta-feira, 13 de abril de 2011

RUA DO COMÉRCIO


A rua dos Pescadores (atual Embaixador Pedro de Toledo)
paralela com a rua do Comércio – Mapa de 1888

A histórica Rua do Comércio (atual Rua Francisco Glicério) tem suas origens desde 1780, ainda não com esse nome, pois, os viajantes que iam ou vinham das Minas Gerais utilizavam desse acesso urbano, esse caminho. No ano de 1850, algumas famílias ricas já possuíam imóveis nessa passagem, e o nome “Rua do Comércio” foi sendo utilizado como referencia, visto que a rua já abrigava locais de venda de produtos. Armazéns como CUNHA&IRMÃO, e IZIDRO DE LISBOA FRANCA%CIA, foram achados pelo historiador Jacomo Mandatto, no ano de 1884. Outros proprietários aparecem: Adolfo Pereira da Fonseca, Victorino Gomes Barreto e Antonio Eduardo Almeida em 1887. Bento da Rocha Campos & Cia em 1888. João Ribeiro Pereira da Cruz em 1897 (Intendente de Itapira). Giuseppe Gilberte em 1903. Giovani Marella e João Pereira de Azevedo e Silva em 1908. Giuseppe Boretti e Luigi Cestaro em 1918. Benjamino Orlandi em 1934. Pedro Fernandes em 1938. Romano Mozzaquatro e Fioravanti Stolf após 1940.
As residências instaladas na Rua do Comércio pertenceram aos srs: Coronel Matias Leite de Araujo Cintra, Coronel Jose de Souza Ferreira, Coronel Alfredo Azevedo, Capitão Manoel Vicente de Araujo Cintra, Tenente João Batista de Araujo Cintra, Inácio Gomes da Cunha, Bento Domingues de Oliveira Paes, Fortunato da Rocha Campos, Joaquim Bento Pereira da Silva, João Augusto Pereira da Silva, Inácio de Loiola de Araujo Cintra, Manoel da Rocha Campos Cardoso, Joaquim Inácio de Alvarenga Cunha, Eduardo da Cunha Canto, Conrado Wiesmann e o delegado de Policia, Joaquim Firmino de Araujo Cunha(O mártir da abolição de Itapira).

O prédio que abriga hoje o Hotel Casa Grande, pertenceu ao comerciante de Café Estulano Pereira da Cruz. Interessante saber que no térreo que dava para a Rua do Glicério (antiga Rua do Comércio), funcionou por muito tempo, o jornal Folha de Itapira.





Em 1882, o vereador Antonio Jose Villas Boas, na sessão da Câmara, pediu que a Rua do Comércio fosse nivelada, numa extensão que passava pela sua casa. Posteriormente em outras sessões, outros vereadores sugeriram o mesmo, nas partes que faltavam o nivelamento e calçadas. O calçamento em paralelepípedo, da rua, viria nas décadas de 20 e 30. Um dos vereadores, Manoel da Rocha Campos Cardoso, pediu que se arboriza-se o logradouro, merecendo aqui ser honrado. As melhorias da rua vão indo até a Avenida Rio Branco mas, encontram um empecilho, o córrego Lavapés.

Este passava, onde hoje está a Rua 7 de setembro, aquela junto à Praça Riachuelo. Foram tomadas providências de desapropriação e a rua seguiu na direção da avenida citada. Em 1944, a foto da rua Manoel Pereira, interrompida, mostra como o córrego era problemático quando das chuvas fortes.





Para nomear, como do Comércio, tal logradouro, podemos dizer que se vendia de tudo para as necessidades dos habitantes. Os armazéns de secos e molhados que comercializavam tecidos, ferragens, calçados, máquinas, chapéus, bebidas, arreios, sal, açúcar, cal, roupa feita, objetos de moda e outros.




Nota fiscal do Cidade de Itapira de 1935 onde consta o endereço de evidência desta coluna

Em 1893, a nota fiscal pertenceu a J.Bueno & C. Muito provável estar a loja na rua do Comércio


Haviam as industrias: de bebidas, utensílios domésticos e ferramentas diversas. Tudo tocado por italianos. Um deles, o Sr. Guiseppe Gilberti, tinha na Rua Glicério a Fábrica de Cerveja e armazém de bebidas finas. Antonio Donatti possuiu a PADARIA PROGRESSO. Mandatto supõe que o HOTEL DO MARQUES também funcionou na famosa rua.
Como destaques femininos da Rua Glicério temos: Dona Regina Trani, casada com o alfaiate Inácio Plumari, com oficina de costura e parteira; Dona Cynira Netto casada com Jose Guimarães Leite, ela era obstetra e aplicava injeções em sua residência, em frente ao Hotel Sartini. E mais na atualidade: em seu atelier, Olga Serra (Doda); e , Maria Odete Bianchi, cantora e declamadora.
Na política, aparece o nome do Professor Sóstenes Vasconcelos, que na década de 50 chegou a eleger-se vereador em nossa cidade.
Foi nesta rua que aconteceu a trágica morte do delegado de policia Joaquim Firmino de Araújo Cunha, episódio que fez a cidade mudar de nome.



O livro de Mandatto, mostra uma propaganda do Hotel Sartini, outro hotel da cidade, que saiu no jornal O Estado de São Paulo. Como era direta e sem rodeios a propaganda.



Pedi licença para os donos do Hotel Casa Grande e fotografei algumas peculiaridades do edifício:








Jacomo Mandatto foi muito feliz, pela herança que deixou para a nossa cidade. Diversos livros, abordando assuntos e pessoas que fizeram a identidade e memória de Itapira. Achamos no guia de ruas, elaborado por ele, referencias sobre a Rua Francisco Glicério:
“ Deliberado pelo Conselho de Intendência em 29 de março de 1890 e localizado entre os bairros de São Benedito e Centro. Político brasileiro que teve importante participação no movimento pela proclamação da República. Foi senador por São Paulo, de 1902 a 1916. Francisco Glicério de Cerqueira Leite, nasceu em Campinas-SP, a 15 de agosto de 1846 e morreu no Rio de Janeiro-RJ a 12 de abril de 1916.”

Postei essas fotos para mostrar, ter uma pálida ideia de como, o original, deveria ser muito bonito. Vários homens ricos de Itapira construíram várias que ainda resistem ao tempo e ao esquecimento.

Fontes: História Ilustrada de Itapira - Volume 3 – 2006; Dicionário das ruas de Itapira – 1979, ambos de autoria de Jacomo Mandatto; Guia Visual e Sentimental de Itapira – 2008, de Livia Monteiro Barbosa; O livro de Itapira – 1995, de Odete Coppos.

Um comentário:

  1. Parabéns ao autor do blog. Lembrar de Itapira me remete à chegada da família RANGEL neste local.
    Marcio Carlos, por favor, como posso entrar em contato contigo?

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