PARTE III
Algumas fotos mostram os momentos dessa Guerra Civil em Itapira:

Defronte ao Paço Municipal, onde funcionava a Casa de Saúde Dr. Hortêncio: Além dos soldados, as senhoras da família Galdi (Josephina, Nanci e Lucia), a menina é Lilia Ap. Pereira da Silva.

O Dr. Hortêncio Pereira da Silva

Forças Paulistas em Barão Ataliba Nogueira

Tropas federais nortistas ocupando a casa da Fazenda do Sr. Francisco de Assis Pereira.

Tropas federais nos jardins da Santa Casa

Tropas federais no Parque Municipal

Mausoléu dos Soldados, onde se vêem: Noé Rocha, Dr. Hortencio Pereira da Silva, Maria Galdi Terra, João Galdi, Afonso Celso Vieira e o soldado Guedes.

Translado das urnas funerárias com os restos mortais de voluntários de 1932, sendo levados para o mausoléu do Cemitério, passando pelo Rua Rui Barbosa.
Ainda consegui fotos de dois ex-combatentes. O Marcelo Rosa que trabalha comigo foi quem se lembrou dos nomes. Fomos até as casas e, as filhas dos nobres soldados nos forneceram os retratos.


Anibal Puggina, pai de Sinira, doadora das imagens.


Antonio Guedes, pai de Heglacy, doadora das imagens.
Itapira sempre é lembrada, quando o assunto é Revolução Constitucionalista de 1932. Em 2006, a cidade de Santa Barbara d’Oeste, inaugurou o Museu da Imigração, na Praça 9 de Julho. A mostra contou com objetos fornecidos pelo Museu Virgolino de Oliveira, de Itapira.

Na Ata de Sepultamento do Cemitério Municipal encontramos os nomes de soldados que foram aí enterrados:
1- 25/08/1932 -MARIO MASINI – IDADE: 32 ANOS – 1ª CIA, DO 2º BATALHÃO FRANCANO
2- 25/08/1932 -JOAQUIM PEREIRA – BATALHÃO DO RIO GRANDE DO NORTE – 3ª CIA
3- 25/08/1932 -SEGUNDO INURARI – 3º SARGENTO, DO BATALHÃO DO RIO GRANDE DO NORTE
4- 25/08/1932 -JOSE DA COSTA JUNIOR – 1º SARGENTO
5- 25/08/1932 - ANTONIO ARAUJO – IDADE: 25 ANOS – FERIMENTO A BALA NO PULMÃO
6- 06/09/1932 - JOSE TUGLIZE – IDADE: 19 ANOS – FERIMENTO A BALA NO TORAX
7- 09/09/1932 – JOÃO ROCHA – FERIMENTO A BALA NO TORAX
8- 10/09/1932 – JOAQUIM LOUCALOS – IDADE: 21 ANOS – FERIMENTO A BALA NO ABDOMEN
9- 12/09/1932 - ROMARIO NEVE – IDADE: 23 ANOS – FERIMENTO A BALA NO TORAX
10- 21/09/1932 – MANUEL FELIPE SILVA – IDADE: 22 ANOS – SINCOPE CARDIACA
11- 27/09/1932 – PEDRO CELESTINO COSTA – IDADE: 24 ANOS – PERITONITE AGUDA GENERALIZADA
12- 29/09/1932 – JOÃO BATISTA FERREIRA NUNES – IDADE: 20 ANOS – PERITONITE AGUDA GENERALIZADA
13- 30/09/1932 – PEDRO SANTOS – IDADE: 20 ANOS – PERFURAÇÃO A BALA NO CRÂNEO
14- 03/10/1932 – EMILIO TUDALECIO – IDADE: 24 ANOS – DESLOCAMENTO DA REGIÃO ARTERO SUPERIOR DA PERNA ESQUERDA
15- 07/10/1932 – REINALDO FERREIRA – IDADE: 23 ANOS – FERIDA PENETRANTE, REGIÃO OCIPITAL
16- 11/10/1932 – OCTAVIANO MOREIRA – IDADE: 24 ANOS – FERIMENTO A BALA NO ABDOMEN
Guilherme de Almeida, poeta e grande participante da Revolução de 32, deixou vários escritos sobre a mesma. Estou postando um deles:
ORAÇÃO ANTE
A ÚLTIMA TRINCHEIRA
Agora é o silêncio.
É o silêncio que faz a última chamada:
É o silêncio que responde:
- Presente!
Depois será a grande asa tutelar de São Paulo,
asa que é dia e noite e sangue e estrela e mapa
descendo, petrificada, sob um sono que é vigília.
E aqui ficareis, Heróis-Mátires, plantados firmes,
para sempre, neste santificado torrão de chão paulista.
Para receber-vos, feriu-se ele da máxima
de entre as únicas feridas, na terra,
que nunca se cicatrizam,
porque delas uma imensa coisa emerge
e impõe-se que as eterniza.
Só para o alicerce, a lavra, a sepultura e a trincheira
se tem o direito de ferir a terra.
E, mais legítima que o alicerce,
que se eterniza na casa, a dar teto para o amor,
a família, a honra, a paz;
Mais legítima que a ferida da lavra,
que se eterniza na árvore,
a dar lenho para o leito, a mesa, o cabo da enxada,
a coronha do fuzil;
Mais legítima que a ferida da sepultura que se eterniza no mármore
a dar imagem para a saudade, o consolo,
a bênção, a inspiração;
Mais legítima que essas feridas
é a ferida da trincheira,
que se eterniza na Pátria,
a dar pura razão de ser da casa,
da árvore e do mármore.
Este cavado trapo da terra,
corpo místico de São Paulo
em que hora existis consubstanciados,
mais que corte de alicerce,
sulco de lavra, cova de sepultura,
é rasgão de trincheira.
E esta, perene, que povoais,
é a nossa última trincheira.
Esta é a trincheira que não se rendeu
a que deu à terra o seu suor,
a que deu à terra a sua lágrima,
a que deu à terra o seu sangue!
Esta é a trincheira que não se rendeu,
a que é nossa bandeira gravada no chão,
pelo branco do nosso Ideal,
pelo negro do nosso Luto,
pelo vermelho do nosso Coração.
Esta é a trincheira que não se rendeu,
a que, atenta, nos vigia,
a que, invicta, nos defende,
a que, eterna, nos glorifica!
Esta é a trincheira que não se rendeu,
a que não transigiu,
a que não esqueceu, a que não perdoou!
Esta é a trincheira que não se rendeu:
Aqui a vossa presença, que é relíquia,
transfigura e consagra no altar
para o vôo, até Deus, de nossa fé.
E, pois, ante este altar, alma de joelho,
a vós rogamos:
- Soldados Santos de 32,
sem armas em vossos ombros, velai por nós!;
sem balas na cartucheira, velai por nós!;
sem pão em vosso bornal, velai por nós!;
sem água em vosso cantil, velai por nós!;
sem galões de ouro no braço, velai por nós!;
sem medalha sobre o cáqui, velai por nós!;
sem mancha no pensamento, velai por nós!;
sem medo no coração, velai por nós!;
sem sangue já pelas veias, velai por nós!;
sem lágrimas ainda nos olhos, velai por nós!;
sem sopro mais entre os lábios, velai por nós!;
sem nada a não ser vós mesmo, velai por nós!;
sem nada senão São Paulo, velai por nós!
Guilherme de Andrade de Almeida (Campinas, 24 de julho de 1890 — São Paulo, 11 de julho de 1969) foi um advogado, jornalista, crítico de cinema, poeta, ensaísta e tradutor brasileiro . Foi combatente e muito fez pela causa constitucionalista.
Na capital de nosso Estado foi erigido um magnifico monumento mausoléo em memória da Soldado Constitucionalista. Obelisco Mausoléu dos Heróis de 32 ou Obelisco do Ibirapuera. Fica no Parque do Ibirapuera no bairro com o mesmo nome. Possue 4 faces e uma cripta. O Obelisco é um projeto do escultor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili. O obelisco, feito em puro mármore travertino, foi inaugurado em 9 de julho de 1955, um ano após a inauguração do Parque do Ibirapuera. Símbolo da Revolução Constitucionalista de 1932, o obelisco é o maior monumento da cidade e tem 72 metros de altura. A construção do monumento foi iniciada em 1947 e e concluída em 1970. Tombado pelos conselhos estadual e municipal de preservação de patrimônio histórico, o mausoléu do Obelisco guarda os corpos dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (o M.M.D.C.) - mortos durante a Revolução de 1932 -, e de outros 713 ex-combatentes. Guilherme de Almeida e Ibrahim de Almeida Nobre, ex-combatentes e respectivamente considerados como o poeta de 32 e o tribuno de 32, se encontram sepultados no mausoleu. Também se encontra sepultado o corpo do agricultor Paulo Virgínio da cidade de Cunha, considerado mais um dos heróis da Revolução na Região do Vale do Paraíba.
Para homenageá-los e preservar a memória da rebelião, há cenas bíblicas e passagens da história paulista feitas com pastilhas de mosaico veneziano.

Outra contribuição à minha pesquisa, veio de Mogi Mirim, pela filha de um ex-combatente que é funcionária da prefeitura daquela cidade, Rosana Julia Megiatto Bronzatto de Azevedo. Dos depoimentos de Orlando Bronzatto, o Pintaca, e do Tenente-Coronel Ângelo Ricardo.
“....Inverno de 1932, quase no seu final. A revolução continuava aguerrida nas suas linhas de combate, demonstrando a todos, civis e militares, que o fim do conflito estava ainda distante Na pequena estação ferroviária de Mogi Mirim, diariamente, passavam trens com os vagões lotados de jovens soldados constitucionalistas: “Batalhão XI de Agosto.” Eram alunos da Faculdade de Direito da capital, com a finalidade de reforçar os contingentes nas linhas de fogo, na divisa de São Paulo e Minas Gerais...”

Fontes: A Revolução de 32, Hernani Nonato (1982); A Revolução Constitucionalista de 1932 (Setor Leste), Odette Coppos(1996); Nosso Século, Abril Cultural(1980); Jornal A Cidade de Itapira, João Torrecillas Filho (1972/1982); Ata de Sepultamento do Cemitério Municipal de Itapira (Adultos, 1931 a 1938); Ata da Câmara Municipal de Itapira (1932); Jornal das Trincheiras (1932); site Wikipedia e outros sobre o movimento; CORONEL PM MARIO FONSECA VENTURA,SECRETÁRIO DA SOCIEDADE VETERANOS DE 32-MMDC; Depoimentos de Orlando Bronzatto, o Pintaca, e do Tenente-Coronel Ângelo Ricardo. Pesquisa: Rosana Julia Megiatto Bronzatto de Azevedo, 2009.Mogi Mirim.