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domingo, 17 de julho de 2011

ITAPIRA, UM DOS PALCOS DA REVOLUÇÃO DE 1932

PARTE II






História
Os federais não esperavam tamanha resistência em Eleutério. Foram rechaçados várias vezes pelas tropas paulistas. O uso de aviões e do trem blindado foram decisivos nestas missões. No contingente dos federais havia agrupamentos do II Batalhão do Rio Grande do Sul; Batalhão da Policia Baiana, 1º Regimento da Infantaria; Batalhão da Policia da Paraíba; Batalhão da Policia do Ceará; vanguarda da Tropa da Cavalaria, comandada pelo Coronel Eurico Gaspar Dutra (que ficou ferido no Gravi); IV Regimento da Cavalaria de Tres Corações; e o grupo de artilharia VIII RAN. Há a determinação do avanço e, Eleutério suporta por alguns dias (26) com grandes baixas, principalmente dos federais. O ponto de contenção se desloca para Barão Ataliba Nogueira. Logo alcança a cidade e o Morro do Gravi.


Sobre as tropas do Morro do Gravi, Odette afirma que o 6º RI do Exército e o Batalhão 9 de Julho da F.P. é que faziam a proteção de Mogi Mirim e do Gravi. Com o avanço dos federais, utilizando bombardeios e a infantaria, que eram superiores numericamente, provoca a retirada dos batalhões para Mogi Mirim.
Um rascunho de carta encontrada no Gravi, diz que o ataque final foi violento e cruel. Para desalojar os combatentes bandeirantes, foram precisos aviões com suas bombas, canhões e artilharia pesadas. O 1º Batalhão da Policia Civil, comandada pelo Capitão Romão Gomes, consegue por duas vezes reter o inimigo mas o cansaço, falta de munição, ausência de aviões paulistas e a renovação de soldados é o grande vilão daquele teatro de lutas. O Gravi não resiste. Numa das cartas encontradas com federais se lê: “ ... amigos e inimigos rolando, blasfemando, juncando o solo comum.... mas era preciso tomar o Morro do Gravi! Sessenta e oito horas de rugir incessante, de um fustigar vertiginoso! Se caíssem cem ditatoriais, de imediato novos pelotões os substituíam e eram como vagalhões foribundos, chegando... morrendo.... avançando... uns após outros....”.

Na carta de Leonardo Gomes, enviado especial dos Diários Associados, no mês de julho, nomina diversos itapirenses que se envolveram diretamente nos acontecimentos. São eles :




Dr. Eugênio de Toledo Artigas

“Conforme seu artigo no Jornal A Cidade de Itapira, “Memória de um combatente de 32, relata o seguinte: Que a nossa cidade foi ponto de convergência de pessoas importantes do Governo Vargas, acompanhados de aproximadamente 800 cavalarianos, com artilharia e mais de um milhão de tiros para fuzil e metralhadora. Dentre esses oficiais, cita os nomes de Gal. Jorge Pinheiro, Coronéis Eurico Gaspar Dutra, Cristovão Barcellos e Galdino Alves. A tropa estava sob o comando de Benjamin Vargas (irmão do Ditador).
Confabularam as forças paulistas e mineiras, da cidade de Pouso Alegre lutar juntas. O dia do encontro foi marcado e para lá, seguiram as tropas de Itapira, formadas pelos contingentes da Força Pública comandadas pelo Capitão Pitcher, outra pelo batalhão de Plinio Prado, que deu o nome de Piratininga a esse grupamento e, ainda o Batalhão 14 de Julho, organizada e comandada pelo Coronel Chico Vieira.
Dias antes, o grupo ao qual o Dr. Eugenio servia, foi deslocado de São Jose do Rio Pardo para atacar a cidade de Guaxupé. Por força de estratégia, foi suspensa a invasão. Com a presença de Marrey Junior e Aureliano Leite, as tropas paulistas voltaram para a origem. Este fato provocou a mudança dos comandos em Pouso Alegre. O que havia sido combinado com os comandos (a confraternização), não seria feita pelos novos oficiais. Sem saber, o Batalhão Piratininga, comandado pelo oficial da F.P. Plinio Prado, seguiu para Pouso Alegre sem preocupações. Foi recebido com rajadas de metralhadoras que alem de matá-lo, feriu outros soldados. Ao se reorganizarem, regrediram até Itapira, seguidos pelos inimigos que foram parados em Eleutério, sofrendo os federais muitas baixas.
Uma figura popular, dono de oficina mecânica, Alcides de Oliveira, foi quem transportou os feridos ao hospital improvisado de nossa cidade. Ele, Alcides, seria convocado posteriormente durante a ocupação federal em Itapira, para cuidar da manutenção dos veículos militares. Na farmácia do Sr. Antonio Serra, no Largo da Matriz, alojou-se o Major Juarez Távora, adido do Governo Vargas, e viu seus mais caros remédios serem requisitados. Seu prédio sofreu estragos por conta da adaptação. Após ser invadida, Itapira foi logo policiada para evitar o saque, já que a maioria da população havia deixado a cidade rumo às fazendas e matas, com medo do que o inimigo poderia fazer. De qualquer forma, afirma a testemunha ocular que Itapira não sofreu imposições vexatórias, com respeito e ordem às famílias.
Daqui, a tropa do Dr. Eugênio foi transportada para Águas da Prata. Foram tomadas as posições e feitas as trincheiras. A tropa possuía os fuzis Mauser, granadas e bombardas (morteiro Stokes-80). Uma metralhadora Maxim, de origem americana e francesa, que atirava 1.000 tiros por minuto, também fazia parte do armamento. O trem blindado foi usado para combater o inimigo que por uma fatalidade não cumpriu sua missão. Uma bala inimiga conseguiu atravessar uma fresta do trem atingindo o maquinista que morreu depois no hospital. Enquanto do lado dos federais, munição não faltava, incluindo a chegada de canhões Krupp 75 mm e aviões de ataque. “
Itapira, após dois anos da “Revolução” (1934), inaugura um memorial para ser lembrado pelo seu povo no Morro do Gravi, em que todo o ano, no mês de julho, são feitas comemorações. Tem também a Praça 9 de Julho, um marco constitucional. No cemitério há o túmulo ao Soldado Constitucionalista. No Museu Histórico está preservada a memória, através de documentos, armas, fardas, bandeiras, fotos e outros símbolos.

ITAPIRA
Em Itapira, como relatei acima, houve a preocupação em preservar a memória dos acontecimentos de 32. Já na sessão do Conselho Consultivo Municipal de Itapira em 10 de julho de 1933 “.... os diretores da Comissão Pró-transladação dos corpos dos soldados que tombaram no campo de luta, durante a revolução constitucionalista deste Estado, mui respeitosamente, requerem de V.Excia, sejam concedidas duas quadras de terreno no Cemitério local, afim de ali ser construído um jazigo, que perpetue a Memória da mesma, como homenagem do Povo de Itapira e de seus companheiros de luta, representados pela Federação de Voluntários.... M. de Magalhães Pereira e Maria Apparecida de B. Fonseca....”





CEMITÉRIO MUNICIPAL




No MORRO DO GRAVI, em 1934, era inaugurado o memorial.





Em 9 de julho de 1957, vemos abaixo, uma das comemorações anuais no Morro. Helio Pegorari, Antonio Celidonio Ruette, vereadores, ex-combatentes e autoridades civis e militares.















PRAÇA 9 DE JULHO

No cinqüentenário da Revolução Constitucionalista de 32, no governo Barros Munhoz, foi inaugurada a PRAÇA 9 DE JULHO. No monumento foi escrito o motivo: “ Homenagem aos cinqüenta anos da Revolução”. A data: 9 de julho de 1982.






Na foto vemos o marco do 9 de Julho. Esta praça fica bem pertinho do Estádio Chico Vieira.



PRAÇA MMDC
Em 03 de julho de 2002, ainda no Governo de Barros Munhoz, é criada a Praça MMDC na rotatória que fica na confluência das avenidas: Jacareí e Vereador David Moro, no caminho que leva até o Morro do Gravi. Com a presença de autoridades civis e militares, foi criado mais um local à memória da Revolução Constitucionalista, mostrando o respeito que Itapira tem pelos acontecimentos daquela época.




















MUSEU HISTÓRICO
No museu, temos vitrines onde estão armas, munições, capacetes, talheres, estribos, anéis, fardas e bombas. Além, de grande material registrado em livros e jornais, tanto de itapirenses como historiadores de renome nacional.



















Deparei com alguns documentos que fazem a ligação dos acontecimentos com pessoas conhecidas e outras esquecidas. Aqui, ofícios para o Governo do Estado para solicitar a Medalha do Cinqüentenário da Revolução Constitucionalista, em 1982.






Medalha da Constituição para a cidade de Itapira em 1972





Concessão da Medalha do Cinqüentenário da Revolução Constitucionalista, em 1982





Ao Sr. Virgolino de Oliveira, pelos serviços prestados à causa Constitucionalista de 1932, o diploma e o Capacete de Aço, que se encontram no museu histórico.






( CONTINUA NA TERCEIRA PARTE)

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