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quarta-feira, 28 de março de 2012

DOIS COMENDADORES...UM DA PENHA E OUTRO DE ITAPIRA

COMENDADOR JOÃO BAPTISTA DE ARAUJO CINTRA



A ele, membro de tradicional e abastada família de fazendeiros nas cidades de Atibaia, Bragança Paulista e Amparo, se deve a abertura de fazendas e início da cultura de café, além da construção da câmara, da cadeia e de uma igreja matriz de grande porte, templo que serviu à população durante um século, até 1955, quando foi demolida. Pelo seu pioneirismo, foi agraciado com o título de comendador da Imperial Ordem da Rosa. Recebeu o imperador D. Pedro II e a imperatriz Teresa Cristina, em sua residência, quando o monarca esteve na cidade em 27 de outubro de 1886. O comendador João Cintra, nascido em Atibaia em 1805, era filho do alferes Jacinto José de Araújo Cintra e de Maria Francisca Cardoso, tendo se casado em 1828 com sua sobrinha Maria Jacinta de Araújo Cintra. Morreu em Itapira com avançada idade, antes do fim do século, deixando numerosa descendência.
(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Itapira)


Corria o ano de 1840, quando aqui chegou o Comendador João Baptista de Araujo Cintra, vindo de Atibaia, respeitável e rico, com idéias progressistas para a antiga Penha. Ainda éramos quintal de Mogi Mirim, chamavamos Penha de Mogi Mirim. Ele chegou com os seus parentes , escravos, funcionários e animais, para em nossa cidade plantar Café. Comprou diversas fazendas e, iniciou a plantação.
Hoje onde é a Praça Bernardino de Campos, construiu sua residência em taipas. Deliberou, em 1842, também construir a Igreja de N.S. da Penha que na época era muito humilde e não ficava naquele local e, sim na subida de quem vem do bairro do Cubatão. Contribuiu com 12 contos de réis (uma verdadeira fortuna, equivalente hoje a R$ 672.000,00) e usou sua mão-de-obra escrava para a feitura da Igreja. O prédio foi feito com alicerce de 12 palmos de profundidade e oito de largura. Contava com 163 palmos de extenção e 80 de largura. Tinha um belo altar-mor, trono e altar destinado ao Santissimo Sacramento, estando forrado e pavimentado em parte.


Em 1845 era criado o Cartório de Órfãos. Dois anos depois ,1847 , era criada a Freguesia de N.S. da Penha, antigo Penha de Mogi Mirim.
Ele, Comendador João Cintra, era a pessoa que mais se esforçava para transformar aquela vila em cidade. Esforçava-se para a construção da Cadeia Pública, insistindo com a Comarca de Mogi Mirim, mas sem resultados aparentes. Em 1858 era finalmente declarada a criação da Vila N.S. da Penha e composta a Câmara. Foram então nomeados os primeiros funcionários da Intendência (prefeitura): Jacynto Jose de Araujo Cintra (secretario); João Baptista de Assis Glória (fiscal); Jose Manuel Soares (procurador); e Jose Francisco (porteiro). Ainda nesse ano, foi demolida a velha capela de N.S. da Penha e utilizado o material vendido para aplicação na nova Igreja.

Entre as primeiras atitudes da Câmara, estão: a proibição de armas de fogo e armas brancas no municipio e o inicio da construção da Cadeia e Câmara. O incumbido para a obra foi o Comendador João Cintra.
Em 1859 foi autorizado a cobrança de impostos sobre rezes abatidas, para abastecer os cofres da Intendência. Em 1860, finalmente termina a construção da Cadeia e Câmara pelas mãos do Comendador Cintra. Era composta de dois andares, sendo que no andar superior encontrava-se uma sala destinada aos presos, outra sala simples, um grande salão para a vereança e uma pequena sala para documentos. No piso inferior localizava-se uma sala de aula (escola), duas outras para alojamento de soldados e uma enfermaria para os presos.


Exisita em 1860, apenas uma escola no municipio, que era fiscalizada pelo sr. Joaquim Floriano de Araujo Cintra. O Bispo Diocesano criou, por provisão, a Irmandade do Santissimo Sacramento. Nas 52 propriedades rurais, eram produzidas nesse ano, 40.000 arrobas de café enquanto a de fumo produziu 3.000 arrobas. Em torno de 700 pessoas trabalhavam nas fazendas produtoras.
Em 1860, elege-se a nova Câmara. Eram vereadores: Tte. Cel. Francisco Lourenço Cintra (presidente); Joaquim Henrique de Alvarega, Pedro da Rocha Campos Cardos, Ignacio de Loyolla, Araujo Cintra, Miguel Antunes Garcia, Jose Joaquim Vieira e Jose Rodrigues de Siqueira Bastos. Foram Juizes de Paz no mesmo período os srs. Jose Marianao de Toledo, Bento Jose de Araujo Cintra, João Baptista Pinto e Joaquim da Rocha Campos Netto.
Em 1863, para se conseguir iluminar a Cadeia à noite, os soldados faziam fogueiras dentro do recinto. A Câmara manda comprar e usar velas de sebo. Em 1863 começa a cultura do algodão. Nesse mesmo ano, chega à Itapira o sr Conrado Wiesmann, de nacionalidade suissa, que foi o precursor da religião protestante na localidade.
Para o ano de 1865, inicia-se nova Câmara: Tte. Cel. Francisco Lourenço Cintra (presidente); Joaquim Henrique de Alvarega, João Baptista Soares, Luiz Pires Cardoso, Bento Domingues de Oliveira Paes e Joaquim da Rocha Campos Netto. Foram Juizes de Paz no mesmo período os srs. Cap. Jose Mariano de Toledo, dr. Joaquim Floriano de Araujo Cintra e Jose Theodoro Pereira da Silva.. A pedido da edilidade, em abril de 1865, foi instalada a Agencia Postal da cidade, sendo que foram nomeados os srs. Bento Domingues de Oliveira Paes e Ignacio Gomes da Cunha para agente de correio e ajudante.
Nesse ano, em setembro, estoura a Guerra do Paraguay. Além de recrutar homens para o combate (15 voluntários), foi conseguido dinheiro para a camapanha de guerra, pelo sr Francisco de Assis Cintra, no total de 170$000 (cento e setenta mil réis). Têm-se informações da cidade possuir duas escolas públicas e uma particular no ano de 1868.
Em 1869, nova Câmara: alferes João Baptista Cintra, Bento Domingues de Oliveira Paes, alfers João Baptista Gonazaga Cintra, Bento Jose Pereira da Silva, Joaquim da Rocha Campos Netto e Jose Antonio de Carvalho. Juizes de Paz: srs cap. Bento Jose de Araujo Cintra, tte Francisco de Assis Araujo Cintra, Francisco Assis Soares e Francisco Antunes Garcia. 1970, assume os correios, o Sr. Joaquim Ignacio de Alvarenga Cunha. Em 1871, o governo do Estado, muda o nome da cidade para Penha do Rio do Peixe.
Em 1873, novos edis: Theodolindo Cesar Ramos, Bento Jose Pereira da Silva, David Jose Pereira da Silva, Jose Antonio de Carvalho, alferes Jose Avelino Gomes da Cunha e Joaquim Ignacio de Oliveira Luz. Juizes de Paz: alferes Jose Augusto de Araujo Cintra, tte Joaquim da Rocha Campos Netto, Antonio Domingos de Oliveira Cesar e dr. Jose Joaquim de Moraes. A Igreja Evangélica foi fundada em 10 de janeiro de 1876, quando seus membros pediram a designação do terreno do cemitério para sua crença. A Irmandade do Santissimo Sacramento fez o mesmo. Foi solicitada então, a concordância do Comendador João Cintra, pois, os terrenos do centro e cemitério, foram por ele, doados. Ele permitiu.
Em 1877 nova vereança: Joaquim Floriana de Araujo Cintra (presidente), dr. Jose Joaquim de Moraes, Jose Alves de Andrade, Bento Jose de Toledo, Jose Antonio de Carvalho, tte Francisco Ignacio Quartim e Joaquim Floriano Pereira da Silva. Juizes de Paz: Antonio Domingos de Oliveira Cesar, João Jose Espinola, Vicente Jose Ramalho e Jose Augusto de Araujo Cintra. A cidade foi elevada a Termo em fefereiro de 1877, com direito a ter um tribunal e jurados. Contava então com 5.895 habitantes. Em sessão do Juri, antes de ser Comarca, no dia 08 de março de 1880, presidida pelo dr. João Gonçalves de Oliveira, Juiz de Direito de Mogi Mirim, servindo de promotor o dr. Pedro Nunes Leão Veloso e Escrivão Interino, Jose Pires Monteiro, entrou em julgamento o réu Jose Francisco de Camargo, acusado de matar com golpes de foice, em 1875, o escravo do cel. Stanislau Jose de Oliveira, conhecido por Lucio. Forma jurados: Joaquim Gomes da Cunha, Francisco Oliveira Rocha, Salvador Nardez de Vasconcelos Tavares, Pedro da Rocha Campos Cardoso, Jose Avelino Gomes da Cunha, Bento Jose Pereira da Silva, Hermenegildo Pupo Nogueira, Francisco de Assis Araujo Cintra, Ludovino Xavier da Silveira, Bento Jose de Toledo, David Jose Pereira da Silva e Ladislau Antonio de Araujo Cintra. O réu foi absolvido.
No ano de 1880, setembro, foram iniciados os trabalhos ferroviários para ligar nossa cidade à Mogi Mirim. A iluminação pública à querosene, surgi no ano de 1881, à pedido do vereador Antonio Jose Villas Boas. Ainda neste ano, há a solicitação da Câmara para elevação do Termo para categoria de Cidade, tendo em vista, a comunidade possuir Cadeia, Câmara, uma Matriz de grande porte e ter 7.000 habitantes. Foi elevada em 27 de junho de 1881, com o nome de Penha do Rio do Peixe. Bento Jose de Oliveira Rocha pede que se dê o nome da Rua do Cemitério para João Gonçalves de Moraes, sendo aprovado. Na semana Santa de 1882, inaugura-se a iluminação pública à querosene. Em julho de 1882, inauguração dos serviços ferroviários da Penha do Rio do Peixe.
Percebe-se que desde a chegada do Comendador João Baptista de Araujo Cintra, a nossa cidade teve um desenvolvimento enorme, esforço deste homem, que influenciou os destinos da antiga Penha. Através de seus parentes, esteve presente com suas orientações e financiamento em muitos momentos da vida urbana e rural. Não podemos esquecer que até antes dos serviços da Mogiana, o café que ele tanto plantou, ia no lombo de burros para a cidade de Santos. Sua casa instalada na Praça Bernardino de Campos, mais tarde se transforma em Camara Municipal. Seu nome foi dado a uma das principais ruas da cidade e sua memória é sempre relembrada por muitos historiadores itapirenses.


Hoje, nesse local, está o prédio de apartamentos: Edifíco Wanderley Zázera

Fonte: Album de Itapira, João Netto Caldeira, 1935.

Mas vejamos como o João do Norte (João Torrecillas Filho), outro historiador de Itapira, no Jornal Cidade de Itapira em 13 de maio de 1973,fala à respeito do comendador:
Ele (Torrecillas) com 8 anos de idade (1915) viu um grupo de homens conversando, ou melhor, ouvindo um senhor muito distinto, com longa barba branca, falando sobre o Comendador João cintra. Estavam posicionados em uma esquina, no centro. Esquina do João Zócchio em frente da sapataria do Agnelo Dellamura.
“...O sr. João Cintra foi um grande homem, vindo de Bragança lá pelos idos de 1840 e, aqui fincou pé, ele, familiares e mais seus inumeros escravos. Esse poderoso fazendeiro mandou erguer a sua monumental mansão, a mais suntuosa Igreja e a Cadeia, tres monumentos de taipas, todos pertinho uns dos outros, na Vila Nossa Senhora da Penha, chão esse que desconhecia as construções desse porte. E então o distinto bragantino, o humanitário cavalheiro mereceu o respeito da diminuta população da vila, a gente boa e pacata que rendiam as mais sinceras homenagens ao fazendeiro progressista que deu inicio a cultura do café por essas bandas, em boa hora, mas, o estouro mesmo foi sua iniciativa de construir entre os anos de 1880 a 1882, 21 kilometros de estrada de ferro para que a Mogiana mandasse seus trens até a então Penha do Rio do Peixe, o que efetivamente deu-se...”.
O que o ilustre desconhecido de João do Norte contou foi sobre a visita de Dom Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina às terras da Penha. Como João Cintra era o mais importante por retr em suas mãos tudo o que era bom para a cidade, ofereceu sua mansão para o monarca permanecer aquele dia. O Banquete foi excelente e farto, tudo feito pelas empregadas do sr João Cintra, livres, devido ao bom coração do fazendeiro. Como estava preocupado no correr bem do almoço, não sentava na cadeira posta ao lado do soberano. Por tres vezes D.Pedro II solicitou que Cintra sentasse ao seu lado, sendo que ele não se achava a altura de ficar ao lado do rei. Com toda a lisura que Dom Pedro tinha, o fez sentar. Ainda, na frente de todos, deu o titulo honorifico, que dali em diante o tornaria, nada mais, nada menos, que o Comendador João Cintra.
Em 29 de junho de 1986, com o titulo de “O Avô do Comendador João Cintra”, no mesmo jornal, admira que o Vulto, tenha apenas placa de rua com seu nome, uma vez que foi o responsável pela tansformação daquela pequena vila em cidade, com sua luta para conquistar o necessário, na elevação politico/administrativo. Aqui João do Norte cita, o cidadão que veio de Atibaia em 1840.
Abaixo, imagens da matéria:





Outra publicação:






(continua....)

2 comentários:

  1. Theodolindo Cesar Ramos - meu Tataravô, pai da minha bisavó Aristidia Ramos de Castro, que era mãe do meu avô Hyram Ramos de Castro.

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  2. Estou a procura dos meus antepassados, que viveram nesta região no sitio Aguas Clara, de acordo com um documento na epoca (registro nascimento em 1895). são Eles:

    JOÃO ANTONIO DO PRADO E A ESPOSA LEDOINA (OU LEDUINA) MARIA DE JESUS (meu trisavós)

    BEBIANO (ou Belhiano) ANTONIO DO PRADO E A ESPOSA ANNA MARIA DE JESUS (meu tataravós)

    Se alguem tiver alguma informação que possa me ajudar eu agradeço.

    valdicirprado@gmail.com

    Obrigado


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