Translate

quarta-feira, 1 de junho de 2011

FAZENDAS DE CAFÉ E A PRESENÇA ITALIANA EM ITAPIRA





Foi com a chegada do Comendador João Baptista de Araujo Cintra, vindo de Atibaia-SP, em 1840, homem rico e com a vida voltada ao café, que adquirindo elevado número de terras e, iniciando o plantio do fruto com mão de obra escrava, fez a cidade progredir. Construiu a Igreja, Cadeia, Forum, sua própria casa feita de taipas para espanto dos outros moradores do vilarejo.
A vinda dos italianos para Itapira não tardou, pois, foi no final do império que a imigração teve larga escalada para o Brasil. Itapira, na época, Penha do Rio do Peixe, tinha condições ideais de trabalho e clima bom para o plantio e um número cada vez maior de população, onde, outras profissões, abraçadas por esses homens, seriam de muita importância para uma cidade que estava se formando. Eram condições duras mas nada comparáveis com as deixadas em sua terra natal. Em 1900, a cidade já contava com uma população de 25.000 almas.



Praça Bernardino de Campos (iluminação elétrica) FOTO DE 1930



No livro de J.N.Caldeira, Album de Itapira- 1935, menciona no ano de 1905, a fundação da Sociedade Italiana de Itapira; em 1910, diante da grande colônia italiana, o governo daquele país nomeou agente consular, o Sr. Romolo Pindari; ainda neste ano, a empresa A.Bianchi & Cia, inaugurava o Theatro Recreio; 1915 inicia-se a distribuição do jornal “La Patria Degli Italiani”, de Rodolpho Paladini, em língua italiana; na área rural, os imóveis agrícolas totalizavam 781 unidades, sendo a mão-de-obra quase toda italiana, e contava na década de 30 com 9.500.000 pés de café.
Identificação de algumas das propriedades produtoras de café no começo do século XX:

CHACARA DAS LAVRAS
FAZENDA BELLA VISTA DOS FORÕES
FAZENDA BOA ESPERANÇA
FAZENDA BOA VISTA
FAZENDA DO BARREIRO
FAZENDA DO SALTO
FAZENDA ESPIRITO SANTO
FAZENDA FLORESTA
FAZENDA JARDIM
FAZENDA PALMEIRAS
FAZENDA PONTE FUNDA
FAZENDA SANTA BARBARA
FAZENDA SANTA BARBARA – LUPPI
FAZENDA SANTA ESCOLÁSTICA
FAZENDA SANTA FRANCISCA
FAZENDA SANTA JOANA
FAZENDA SÃO FRANCISCO
FAZENDA SÃO JOAQUIM
FAZENDA SÃO JOSE
FAZENDA SAO JOSE - HERMINIO BUENO
FAZENDA SÃO JOSE DA APPARECIDA
FAZENDA SÃO ROQUE
FAZENDA SÃO SEBASTIÃO
FAZENDA SITIO GRANDE
FAZENDAS REUNIDAS FRANCISCO CINTRA
SITIO APPARECIDA
SITIO CORREGO DO COCHO
SITIO RIO DO PEIXE
SITIO SANTO ANTONIO



No comércio podemos citar: Bilhar Marella, Farmacia Italo-Brasileira, Marcenaria Galli, as lojas de João Passarella, Casa Ferrucio Dini, Funilaria Trani, Loja Puggina, Lojas Boretti, Barbearia Marella, Sapataria Dellamura, Empório Sartori, Lojas Avanzinni, Armazém Cestaro, Hotel Sartini, Sociedade Italiana, Loja Frassetto, Industria de Calçados Basinelli.


O historiador Jacomo Mandatto, argumenta que em 1870 já exercem atividades comerciais na cidade os italianos João Batista Trani, Jacob Bologna e João Ricardini. Ariovaldo Cavarzan em sua livro “ Cavarsan, Il cuore non può dimenticare” enumera as famílias já em sua época: Cavarzan, Boretti, Pacini, Scieve, Montani, Marella, Zanovello, Dini, Barizon, Pascoale, Artigiani, Monezzi, Marconi, Orlandi, Mozzaquatro, Rodella, Colferai, Brunialti, Crocci, Bellan, Lenuzza, Crepaldi, Avanzini,Mazzei, Pindare, Bonatelli, Piva, Meneghin, Galdi, Fiorim,Baldassim, Zanchetta, Baretta, Breda, Sabadini, Zonnino, Luchetti, Lantin,Nicolai, Consorti, Langhi,Ravetta,Caponi,Zannin, Zanovello, Bosso, Giuseppe,Lico, Ettore,Artigiani, Bolgna, Breda, Frassetto, Barel,Coppo, Nicolai, Marella, Ricciluca,Recchia,Zázera, e outros.
O próprio Jacomo Mandatto é fruto da descendência italiana e muito fez pela memória desta cidade. Foi jornalista, historiador e vereador. E, em sintonia com o prefeito fez muito para o sucesso de Itapira.
Odette Coppos, filha de italianos também brilhou no cenário nacional como jornalista, atriz, cantora, pianista, escritora, poetisa. Ela editou um livreto sobre a Mogiana “Um pouco da História do Trem em Itapira”, de 1976, falando da importância deste transporte para os gêneros alimentícios produzidos aqui.
De 1910, A BANDA ITALIANA- alguns nomes que formavam a corporação como João Ramonda, Soldaini, Italo Sartini, Guido, Antonio Ramonda, Estevam Ramonda, Clodomiro Boretti, Máximo, Ferruccio Dini, Fabiano Dias Bueno, Adelelmo Boretti e Gonçalves.
De 1924, CORPORAÇÃO MUSICAL ITALO-BRASILEIRA – José marella, Aldo Pivo, Antonio Passarella, Eduardo Avancini, Lafayte Vieira (regente), Américo Passarella, Antonio Avancini, Aldo Boretti, Francisco Boretti, Jose de Mello Vieira, Raul Boretti, Samuel Trani, Jose Bótero e Cyrino Boretti.
O Hino Municipal de Itapira deve sua letra a um descendente italiano, Bepe marella, conforme consta de uma referencia no museu histórico:
“....Jose Marella escreveu a letra e o maestro Ivahy Baptista Nascimento fez a composição musical em ritmo de marcha, estrofe e estribilho. Foram muito felizes em ambos os casos, pois, a letra é um poema aos valores e crenças itapirenses e a musicalidade torna muito fácil e empolgante o seu cantar...”.

CORPO

UNIFICADOS POVO SEMPRE ALERTA
PELA SANTA GLÓRIA DESTE TORRÃO
BERÇO DO SONHO ASSIM DISSE O POETA
LINDA, LINDA DISSE UM CORAÇÃO
SERÁ SEMPRE O BRASÃO
GLORIFICADOS PELA PADROEIRA
LEVANTEMOS ALTO NOSSA BANDEIRA
VIVER NO AMOR, AMOR
LUTAR SOFRER, SOFRER
POR ITAPIRA, PERFUMADA FLOR

Estribilho

SALVE! SALVE POVO DE ITAPIRA
ESTE TORRÃO QUE TUDO ADMIRA
O LINDA, LINDA ELA FOI BATIZADA
FLORES E MUSICA E ADORADA
SALVE! SALVE QUERIDA ITAPIRA
TU ÉS A TERRA DO SONHO E DA LYRA
UNIDOS SEMPRE SEMPRE NO AMOR, AMOR
ÁS DE SER SEMPRE PERFUMADA FLOR



A contribuição italiana à Itapira foi bastante importante tanto no campo como na cidade.suas devoções, folclore, músicas, danças, reuniões, religiosidade e principalmente a vontade de trabalhar.




Societá Italiana




Hoje, onde funciona a Câmara Municipal de Itapira, foi naquele ano de 1905 que inaugurou-se a “Societá Italiana de Mutuo Soccorso “Fratellanza e Lavoro”.Em 1915 do jornal La Patria Degl’italiani,
que era a voz da sociedade. No livro de Ariovaldo Cavarzan “ Cavarsan, Il cuore non può dimenticare” de 1993, lemos “....no artigo 2º do Estatuto Social, definia os objetivos da instituição: a) subsidiar os sócios em casa do enfermidade; b) prestar apoio moral aos sócios que procurarem trabalho; c) socorrer nos limites de suas forças os concidadãos necessitados; d) promover em qualquer ocasião, o beneficio moral e material dos sócios em particular e da classe trabalhadora em geral...”. Para tanto, contavam com departamentos culturais e assistenciais: Comissão masculina “Pró-Pátria e Cruz Vermelha”; Comissões e Sub-comissões Femininas de Trabalho, onde atuavam para arrecadação de fundos para os combatentes da primeira guerra mundial (Comissão Pró-Pátria e Cruz Vermelha), as campanhas do agasalho (Pró Lana), e organização das quermesses diversas, em favor da comunidade em geral.
Escola Mista Elementar. Seu diretor era o Professor Romolo Pindari, que representava o vice-consulado de Campinas. Era o ensino de primeiro grau e ensinava italiano, além de difundir os valores e culturas daquele país. No final de 1917 era freqüentada por 34 alunos (24 homens e 10 mulheres). Em 27 de julho de 1939, ocorreu uma assembléia de sócios, concordando na doação de patrimônio à prefeitura para a construção do Ginásio Oficial na cidade, prédio que vemos até hoje, onde funciona a Prefeitura do Município.


A Societá foi fundada pelos srs. Angelo Bertoni, Pedro Tortima e o Dr. André Veltri. Sua primeira diretoria foi:
DIRETORIA
Virgínio Avanzinni – Presidente
Vittorio Moro -Vice-Presidente
Julio Cavenaghi – 1º Secretário
Antonio Bianchi – 2º Secretário
João Cavenaghi – Tesoureiro

CONSELHO
Annibal Del Corso, Antonio Donati, João Secchi, João Bianchi, João Trani, Jose Andreoli, Benjamin Zanovello, Jose Boretti, Firmino Marconi e Wenceslau Pasquali.
A sede ficava na Rua João de Moraes, 404 , centro da cidade.

Outra pessoa que elevou o nome italiano em nossa terra foi ninguém menos que Paulo Menotti Del Picchia, filho de italianos e que aqui se radicaram. Aflorado o gênio artístico de Menotti, foi até o final de sua vida uma luz de inteligência e sabedoria para a cidade e para o Brasil. O parque central foi rebatizado com o nome de um poema seu, Juca Mulato.

Victorio Coppos foi um construtor em Itapira e no sul de Minas Gerais no inicio do século XX e, fez várias obras que ainda permanecem visíveis em nossa cidade.



CIRCOLO ITALO-BRASILIANO XV DE NOVEMBRO DI ITAPIRA






Para conhecer o que é o Circolo fui até lá, sendo recebido pelo Professor Walter Ricciluca, que é o presidente daquela associação. Fui muito bem recebido por ele, com muita gentileza e simpatia. Disse que eu não conhecia o que era e muita gente aqui também não tinha noção alguma da importância do Comitato. O Circulo é na verdade uma congregação (comitato) de italianos de lá e daqui do Brasil e seus descendentes. Contou que a nossa região (Itapira e demais cidades limítrofes, incluindo o sul de Minas Gerais) receberam a maioria dos imigrantes europeus vindos da região de Vêneto, Italia. Uma família que aqui chegava e se estabelecia, chamava aos seus parentes. Por isso, encontramos o mesmo sobrenome tanto em Itapira como nas cidades próximas.
Foi criada em 1994 e teve como participantes os srs., Guilherme de La Guardia, Vincenzo Leoni, Victorio Visnad , Orlando Dini e Walter Ricciluca. O primeiro local foi na Estação da Fepasa. Em 1995 começou a passar por reformas. Em 1950 experimentou declínio. Posteriormente migrou para o Clube XV que se encontra na praça já citada, onde funciona até os dias de hoje. Por motivos de saúde, o Professor Ricciluca esteve afastado nos últimos 3 anos. Hoje, com seu retorno, está iniciando a reforma deste prédio e, local que acima de tudo, foi muito importante na vida de Itapira no começo do século passado. Afirmou que o relacionamento com os prefeitos sempre foi muito bom tendo o apoio esperado para a realização de suas atividades.
O Circolo está presente em várias cidades como: Mogi Mirim, Amparo (reativada), Pedreira, Socoro (reativada), Espirito Santo do Pinhal, Mogi Guaçu e Jacutinga. Representa o Vice-Consulado Italiano de Campinas tratando de documentos e processos para se obter a cidadania daquele país. Opera também a Câmara de Comércio Italiana para o leste Paulista e sul de Minas Gerais abrangendo 29 cidades. Está investida do Patronato da ACLI-Associação Católica dos Trabalhadores Italianos (Sindicato Católico). Nestas atividades tem a liderança e renome junto ao Vice-Consul. Por fim, tem a missão de propagar a cultura italiana em terras brasileiras. A Festa Della Nona é um grande momento para essa missão. Sempre com recursos próprios, ela acontece na praça principal da cidade, que é a praça Bernardino de Campos, no mês de agosto. Este ano terá a sua XXI edição. Festival gastronômico, danças, músicas, artesanatos, apresentações cênicas , corais e bandas. Muito concorrida, a cidade se encontra nela.






Professor Walter Ricciluca em sua sala de trabalho.
Só posso reconhecer a grande contribuição dessa gente italiana a Itapira desde a sua chegada na virada do século XIX como os que hoje vivem sobre o solo da antiga Penha. Outras nações se fizeram presentes em nossa história mas isto, é matéria para outras páginas. Como diria Jacomo Mandatto: “- Brava gente italiana...”



Fontes: Jornais a Cidade de Itapira, Tribuna de Itapira, História Ilustrada de Itapira (Jacomo Mandatto, 2006), Cavarzan, Il cuore non può dimenticare (Ariovaldo Cavarzan, 1993), Brava Gente Italiana (Jacomo Mandatto, 1995), e o Livro de Itapira (Odette Coppos, 1995).




Cultural

Uma poesia feita para Itapira em 1940, por Antonio Cescon


Nenhum comentário:

Postar um comentário