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sexta-feira, 10 de junho de 2011

OS SÍMBOLOS DE ITAPIRA

Símbolo, no dicionário eletrônico Aurélio, significa:
1. Aquilo que, por um princípio de analogia, representa ou substitui outra coisa
2. Aquilo que, por sua forma ou sua natureza evoca, representa ou substitui, num determinado contexto, algo abstrato ou ausente
3. Aquilo que tem valor evocativo, mágico ou místico


Nossa cidade, como tantas outras, é representada em diversos atos, oficiais ou não, por sinais que nos levam a compreender a identidade e valores, que cerceiam a vida em Itapira. A urbe surgida aos poucos, a partir de 1820, lembrando aqui alguns nomes como os de João de Moraes, Manuel Pereira e Comendador João Cintra, evoluiu como outros centros populacionais, pela atuação de pessoas que errando e acertando, construíram esse ajuntamento que se chama Itapira. É como criar filhos. Você faz tudo o que acha importante: estudo, bens materiais, amor e preocupações mas, eles podem vir-a-ser aquilo que você não estava desejando. Não existe um manual de como construir um ser humano, muito menos, como fazer uma cidade. Tão complexa, tão cheia de interesses, tantos problemas a serem resolvidos que somente com a união de várias pessoas e seus dons, é possível erigi-la.

Quantos homens e mulheres que aqui vivendo, se preocuparam em fazer a cidade ter autonomia político-administrativa. Conquistar pessoas de outras paragens para na Penha, contribuindo com suas qualidades, realizar tantas coisas importantes para os itapirenses. O comércio e indústria, quantos desafios. As escolas que existiram e foram sumamente essenciais para a cidade. Os jornais, sobre os quais me debruço para entender e conhecer a HISTÓRIA da cidade.

É um grande teatro, onde seus atores vão construindo no dia-a-dia, a vida real, seu enredo. Tramas, conquistas, alegrias, desafios, sofrimentos, alianças e a continuação da doação de suas vidas e, a procriação dos que vão continuar o grande espetáculo da cidadania.

Creio que é isto a que deve nos remeter ante a visão da Bandeira Itapirense, do Brasão de Armas e do Hino Municipal. Já ouvi muito jovem falando com desdém da cidade, no Orkut vi depoimentos depreciativos sobre esse chão, como se Itapira não fosse linda, aprazível, rica em situações interessantes e pessoas ainda mais cativantes.

Houve indivíduos que desejaram colocar em símbolos estas verdades, pensando em deixar escrito e interpretados estas aspirações e conquistas que já duram 191 anos. E, como sempre, nada disso apareceu fácil. Vamos aos fatos:


O Hino Municipal

Adalberto Trani, presidente da Banda Lira Itapirense, em ofício datado de 08 de maio de 1975, dirigido à Câmara Municipal, argumenta que a exemplo da oficialização da Bandeira em 1970 e do Brasão em 1956 e 1970, “....não termos ao que parece, ainda, um Hino oficializado...”, e pede que o intitulado “SALVE, POVO DE ITAPIRA!”, feito pelos itapirenses José Marella e Ivahy Baptista Nascimento, criado no começo do século passado, ganhe este reconhecimento. Junto com o pedido da Banda Lira segue cópia da partitura que coloco aqui.
CAPA, LETRA DO HINO E PARTITURA PARA A ORQUESTRA.












Uma coisa que me chama sempre a atenção é que a conjugação do verbo “unificar”, pela cópia apensa ao projeto de lei 16/75, diz “unificamos” e em outras publicações, sai como “unificado”. Não sei apontar qual esta certo. A Câmara, através de seu presidente, Sr. Antonio Carlos Martins, que é o nosso vice-prefeito hoje, promulga a alteração da Lei n. 977 de 17 de setembro de 1970, que versa sobre a simbologia do município, a oficialização do Hino Municipal e, dá suas razões e análises. Essa alteração irá ser vetada pelo prefeito , Sr. Alcides de Oliveira, através do documento “Razões de Veto”, datado de 04 de agosto de 1975. O alcaide alega razões de cunho de direitos autorais e pede que se examine melhor, antes de torná-lo definitivamente o hino municipal. O presidente da Câmara, em sintonia com a Comissão, cujo relator foi Cesar Bianchi, rejeita o veto do prefeito, argumentando que o hino é de domínio público, e que não autorizava a prefeitura a reproduzi-lo. Tampouco submeter o hino a análise e alteração de sua letra e música, uma vez que os autores foram sabidamente excelentes e ilustres em sua arte. Este documento foi feito em 14 de agosto de 1975. No dia 15 do mesmo mês a ano, pela Lei n.1184, torna-o finalmente oficial.

O hino, para quem lê com atenção, contempla: na seqüência, a vontade dos autores de enaltecer a união do povo pela preciosa terra; dela ser chamada “berço do sonho” e “linda, linda”, brotados do coração; exalta a Padroeira que a protege; incita a todos a fazer o “bem”, pois, Itapira é especial; que o sentimento de admiração por ela é constante; que é terra do sonho e da música; e tudo isto vai mantê-la sempre especial em nossos corações. Além, da melodia ser uma “marcha” muito alegre e com a sonoridade agradável aos ouvidos, principalmente nos refrãos.



O Brasão de Armas






Pelo documento acima, podemos ver a instituição do Brasão e a descrição de suas características. Coube a Caetano Munhoz o digno ato de introduzir o Escudo de Armas em 11 de outubro de 1956, através da Lei n. 274. A elaboração do Brasão da cidade foi entregue ao Sr. Benedito Calixto de Jesus Netto, que era arquiteto e uma sumidade em confeccionar brasões, principalmente para a Igreja Católica Romana. O escudo depois de pronto ficou assim:






Em 1970, uma comissão de munícipes foi à São Paulo, na Sociedade Brasileira de Heráldica e Medalhística, em contato com seu presidente, Enzo Silveira, para a confecção da bandeira de Itapira. O presidente percebe, segundo suas convicções heráldicas que o brasão que deveria estar contido na bandeira a ser confeccionada, continha vários erros. Era época do governo de Helio Pegorari.
Orgulhos arranhados, celeuma em marcha. Benedtio Calixto sente-se ofendido. Caetano Munhoz, consternado; Enzo Silveira, constrangido. Este último escreve a Caetano Munhoz dizendo-se desarmado de qualquer propósito político e assegura que o brasão deve ser reparado. Somente em setembro de1970 é que o novo brasão é acolhido em lei, lei de numero 977 de 17 de setembro de 1970.
Ambos os artífices eram de escolas diferentes e anos de experiência na confecção de brasões. Mas, as alterações foram feitas, ficando assim o novo escudo:









As diferenças que podemos perceber são: a coroa sobre o escudo; o peixe que está olhando para a esquerda no mais antigo; e a faixa embaixo, na mais antiga está numa reta e sem data. As palavras escritas em latim “Pulchra Et Decora” foram extraídas da Bíblia, Cântico dos Cânticos, capitulo VI, versículos III, significando “BELA E FORMOSA”, que tanto se refere à Padroeira como à Cidade de Itapira.



A Bandeira Municipal







Nessa mesma Lei, n. 977 de 17 de setembro de 1970, são oficializados o Brasão e a Bandeira municipais. A Lei dita como deve ser a bandeira e como usá-la em eventos. Num trecho lemos: “...o Brasão simboliza o Governo Municipal e o retângulo onde é aplicado, representa a sede do Município. As faixas simbolizam o poder municipal que se expande a todos os quadrantes do território e os quartéis assim constituídos, representam as propriedades rurais existentes no território municipal. As cores da Bandeira Municipal, ainda em conformidade com a tradição da heráldica portuguesa, devem ser as mesmas constantes do campo do escudo do Brasão: o azul simboliza em heráldica a Justiça, Nobreza, Perseverança, Zelo, Lealdade, Recreação e Formosura; branco é o símbolo da Paz, Trabalho, Amizade, Prosperidade e Pureza; o vermelho simboliza o amor pátrio, Dedicação, Audácia, Desprendimento, Valor, Intrepidez, Coragem e Valentia.....”.




MAPA DE ITAPIRA EM 1914




MAPA DE ITAPIRA, ATUAL







RUAS DE ITAPIRA























Nos desfiles cívicos, os símbolos e o hino são a presença do governo e poder municipais. Principalmente nos aniversários da cidade, onde o espírito cívico itapirense se faz mais forte. Trouxe fotos de desfiles de 1970 e uma bem recente:








ESCOLA IEEESO, 1970




GUARDA MIRIM, 2005









Portanto, o mesmo respeito que temos pelos símbolos e a Bandeira do Brasil, devemos ter para com os de nossa terra. Como sempre, recheadas de história itapirenses, que dão uma conotação exclusiva aos feitos de Itapira.


Fontes: Projetos de Leis de 1956 e 1970; fotos do arquivo do museu; jornais da época: Folha de Itapira e A cidade de Itapira; e mapoteca do museu.


Respondendo ao leitor:

Na última matéria veiculada neste sábado, dia 28 de maio, sobre a Música em Itapira, aparece a foto de um senhor usando chapéu e óculos, cuja antonomásia é Tenente Pintor. O nome sai como um subtítulo na coluna, por engano. Essa coluna é continuação da narração sobre a fantástica Banda Lira Itapirense.

Continuo aguardando, quem quiser colaborar com o museu histórico, levando fotos e documentos de seus parentes mais distantes, para pesquisas feitas sobre a nossa cidade. Se a pessoa guarda-os como recordação, explico que possa fazer uma cópia idêntica, não precisando ficar com o original. O munícipe irá assinar um documento de doação da imagem e terá seu nome eternizado no museu. Agradeço muito, toda a colaboração para guardar a memória da cidade.




CULTURAL





A autora é da Academia Itapirense de Letras de Itapira

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