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quarta-feira, 1 de junho de 2011

À MEMÓRIA DE UM GRANDE HOMEM




JOÃO TORRECILLAS FILHO



Para quem tem o sadio hábito de ler jornais, tanto da cidade como os da capital, além de tudo o que recheia o periódico, deparamos com colunas que se prestam aos mais variados fins. A minha, por exemplo, tem a intenção de propagar Itapira e os seus feitos. Folheando os jornais do acervo, que são vários, desde o comecinho do século passado, vamos conhecendo diversos escribas (meu caso) e notáveis jornalistas (formados ou autodidatas). Um destes, que conheci pelo jornal, ganhou a minha atenção pela forma como escrevia, leve e, quase que como se estivesse contando aquele fato a uma só pessoa. Em muitos momentos da narrativa usa de exclamações engraçadas que aos ouvidos de muitos de hoje não fazem sentido, pois, estamos fora daquele contexto. Ele escrevia sobre tudo, pois, havia vivenciado a grande maioria dos fatos e outrossim coletados com pessoas mais velhas que ele, quais viveram neste chão. Estou falando de João Torrecillas Filho que usava o nome de João do Norte nos textos. A coluna chamava-se “ No tempo da vovozinha” e foi escrito por mais de dez anos, através do jornal A Cidade de Itapira. Também achamos suas histórias publicadas no Jornal Folha de Itapira que tinha a direção de Antonio Carlos Setti e a gerência de Amaury Martins, com o titulo de “O Cantinho da Saudade”.


No jornal “A Cidade de Itapira” de 29 de dezembro de 1974, trás a notícia da festa que ocorreu naquele mês pelo aniversário de 68 anos de atividades do “Cidade” e aproveitaram a ocasião para homenagear João Torrecillas Filho, como grande colaborador do jornal, historiador e por ser quem era. Torrecillas era natural de Jardinópolis, nascido em 05 de maio de 1907 e, chegou às terras penhenses com 8 anos de idade. Era filho de João Torrecillas e Carmem Lanzas Torrecillas (espanhóis), tendo como suas irmãs, Maria e Dolores. Seu pai ficou conhecido como João Sorveteiro pelos gelados que vendia. O nosso homenageado terminando o primário, teve que enveredar na labuta diária onde, durante os anos que se seguiram foi: alfaiate; dono da sorveteria “Guarani”; gerente do Posto de Abastecimento da Unidade Sesi em 1952; convidado por Cesar Bianchi trabalhou no Sanatório Américo Bairral, onde foi secretario e gestor da alfaiataria do nosocômio; foi secretario do partido político P.T.N. e secretario da Loja Maçônica “Deus, Justiça e Caridade”. No Bairral, criou e fez florescer o teatro-amador, o coral e grupos musicais. Como ele mesmo disse, aposentou-se após 49 anos de trabalho, rico de saúde, felicidade e satisfação por tudo o que fez durante a vida. Não é à toa que seu nome foi dado à Casa da Cultura, não? A ele também foi dado na Câmara Municipal o Título de “Cidadão Itapirense”


Em 26 de abril deste ano falei com a filha dele, Dona Vera Dalva e compartilhei da minha vontade de recontar as histórias de seu pai. Ela foi super simpática e atenciosa e permitiu que eu assim o fizesse. Filha de peixe... Escolhi, dentre diversos textos um, que fala sobre a discutida e duvidosa visita do Imperador Dom Pedro II e sua esposa, Dona Tereza Cristina, em nossas terras, isto no ano de 1882. Como coloco também na internet, através do meu blog, meus amigos museólogos e historiadores irão descobrir se foi ou não verdade a ilustríssima visita real. O Seu João afirma que o Imperador, pelos trilhos do trem, visitara três cidades: Amparo, Mogi Mirim e Penha do Rio do Peixe no ano de 1882.







Jácomo Mandatto outrossim afirma que Dom Pedro II esteve em Itapira (História Ilustrada de Itapira – 2006) em outubro de 1886, sendo sua visita rápida, coisa de uma hora. Tanto uma quanto outra data, se pesquisada nas atas da Câmara da Penha do Rio do Peixe, não dão uma linha sequer à respeito.




Itapira, 1881




Mas, vamos ao relato. Esta reproduzido no jornal “A Cidade de Itapira” de 28 de setembro de 1969.

- A carruagem de 4 rodas, batizada com o nome de “Vitória”, servia à nobreza, fôra conseguida em Campinas. Os cavalos eram daqui mesmo, lindos, e haviam vários nas fazendas pertencentes à cidade. Sem dúvida, o anfitrião foi o Comendador João Batista de Araujo Cintra.








Pela localização de sua residência junto à matriz e prestígio daquele possuidor de comenda, é que Dom Pedro II e a Imperatriz foram recepcionados. O banquete servido no horário vespertino contou com a presença dos homens bons da cidade e suas famílias. O Seu João usa o termo “opiparo banquete”. Deliciosos manjares, suculentas iguarias preparados pelos escravos no forno e fogão da residência do Comendador. Diz o historiador que seus escravos eram tratados como seres humanos, tanto os da casa como da fazenda. Diz mais. Que o Imperador permaneceu em nosso chão por cinco horas. Tempo suficiente para visitar as duas escolas, a Igreja Matriz, a Câmara, o Mercado, participar do banquete e conhecer algumas ruas.
Esta é uma das histórias de Itapira que ele, magistralmente registrou nas folhas dos semanários e, que à partir de hoje vou recontar. Tem muita coisa que vai nos levar a conhecer melhor o nosso espaço e como foi a maneira de viver e pensar dos cidadãos que viveram na Itapira daquele tempo.


RESPONDENDO AO LEITOR
Na matéria “Era Penha... depois, Itapira”, em 12 de março deste ano, escrevi sobre o Delegado de Polícia, Joaquim Firmino de Araujo Cunha, retirado de diversos livros e jornais do acervo do museu histórico. João do Norte e Odette Coppos escreveram muito à respeito. Um leitor, conversando comigo após a publicação me advertiu que usei uma palavra muito ácida para qualificar aqueles que mataram o policial. Sicários é a questão. Respondi que não fui eu que dei esse atributo aos assassinos mas que no livro de Jácomo Mandatto, o historiador reporta o que os jornais abolicionistas narraram sobre o fato. Eu não os conheci, muito menos Mandatto! Então não é pessoal e nem reflexão moral, simplesmente fato histórico. Torrecillas faz considerações no sentido de que a turba queria dar um “susto”, espantar da Penha um abolicionista num cargo importantíssimo para quem detinha escravos. Ele cita um fato, ocorrido à época em outra cidade envolvendo um Juiz que agia de forma a desgostar muito a população. Arrancaram-no à noite de sua cama, de pijamas. O colocaram sobre seu cavalo e aos gritos expulsaram o magistrado. Nunca mais, a autoridade quis pisar naquele solo. De qualquer forma, como vivem na cidade familiares daquelas pessoas envolvidas no acontecido, é importante destacar que não estou julgando, culpando ou coisa do gênero, simplesmente recontado uma história que está relatada em diversas mídias que estão ao alcance de todos.


Em “Prefeitos de Itapira e seus Vices”, no dia 9 de abril passado, não identifiquei o Dr. Luiz Arnaldo Alves de Lima como vice-prefeito na chapa do MDB, que foi vencedora do pleito daquele ano de 1976. Ele, durante o mandato de Barros Munhoz, não assumiu a prefeitura pelo fato do então prefeito não ter se ausentado de seu posto. Fica então registrado o cargo do ilustre advogado como vice na gestão administrativa iniciada em 1977. Um sobrinho dele é que perguntou porque não constou. Por isso minha resposta e o compromisso de corrigir as informações no blog.
Fontes: Jornal A Cidade de Itapira, 1972; “Joaquim Firmino, o Mártir da Abolição – 2001” de Jacomo Mandatto.




CULTURAL
Parte de um poema escrito para saudar o nascimento da Penha do Rio do Peixe datada 1824, encontrada no livro “História Ilustrada de Itapira – 2006”, de Jacomo Mandatto.




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